sexta-feira, 20 de novembro de 2015

O Hotel do Desespero



O Hotel do Desespero
O Vampiro Neculai realiza desejos insanos.


— Alô?
— Olá Juliana Grave. Eu sou Neculai.
— Quem? Que horas são? Eu não conheço você. 
— Conhece sim. Acabou de sonhar comigo. 
— Eu não... São duas horas da manhã... 
— Vim realizar seu sonho.
— O que?... Isso é loucura. olha eu quero voltar a dormir. 
— Você tem trabalhado demais. Fez coisas demais. Agora é a minha vez de fazer algo por você. 
— Neculai. Este nome não me é estranho. 
— Tem um carro preto na frente do seu prédio. A motorista vai te levar para um lugar especial. 
— Está falando sério?
— Veja pela janela. 
— Eu estou vendo. Que loucura.
— Que tal um pouco de divertimento na sua vida Juliana? Não se preocupe. Vou cuidar de você. Quando estiver dentro do carro. Eu estarei lá. Não me deixe esperando.
— Mas eu não... Desligou. Mas quem é este Neculai? O carro está mesmo me esperando. 
...
— Olá motorista. Eu sou a Juliana. Seu carro era para mim?
— Sim! O Neculai está no banco de trás. 
— Ah Sim! Obrigada. 
— N-neculai? 
— Que bom que aceitou o convite. 
— Não sei o que deu em mim. Eu não conheço você e não costumo sair com estranhos.
— Já disse. Você me conhece. Nos sonhos.
— Onde estamos indo?
— Vamos em um baile de máscaras, mas antes...
...
— Você beija tão bem Neculai. Fazia tanto tempo que não saio com alguém. 
— Tem trabalhado demais Juliana. Deixe que o seu sonho se realize. Deixe eu cuidar de você.
— Por que paramos?
— Vamos a um baile de máscaras. Precisamos de uma máscara.
...
— Agora sim você está pronta. 
— Que bom que gostou Neculai. Este lugar é fabuloso. Bem caro, mas tem seu estilo. 
— A máscara está perfeita. E não fale de dinheiro. Vamos falar de sonhos realizados.
— Sempre sonhei com bailes de máscara. Queria dançar toda a noite.
Eu tenho um segredo. 
— Me conte seu segredo Neculai. 
— Eu aprecio beijar olhando para alguém usando uma máscara. 
— Segredo ou Desejo? 
— Me surpreenda Juliana.
...
— Chegamos Neculai.
— Dê uma volta com o carro eu te ligo quando precisar voltar.
— Tudo bem. Bom divertimento. 
— Vamos Juliana. Vamos aproveitar a noite.
— Você manda Neculai.
— Sempre! Ha Ha Ha.
...
— Lugar lindo. Alguns amigos do meu escritório disseram que viriam para cá.
— Eu sei toda a história. Eles queriam vir, mas sem você. Alugaram apartamentos nos andares de cima para terem uma noite mágica e não queriam você por perto. Acham que você é muito workaholic. Isso não foi nada gentil. Uma mulher ativa deveria ser sempre bem querida. 
— Nem todos gostam de pessoas como eu Neculai. 
— Vamos dançar. Deixe o mundo que conhece olhando nossa dança. Hoje a noite é nossa.
— Obrigada por me trazer. Eu queria vir mas sem alguém do meu lado eu não teria como dançar.
— Você tem um segredo não é Juliana?
— Do que está falando Neculai. 
— Gosta de máscaras e sangue.
— Sim. Eu não sei por que estou concordando com isso, eu me sinto tão a vontade de falar com você sobre meus desejos. Sim é verdade. O sangue vermelho no corpo é muito excitante. Em pessoas usando máscara... Excitante demais.  
— Eu estou aqui para realizar desejos. São uma prioridade que pretendo cumprir nesta noite. 
— Mas como meu querido Neculai?
— Você verá Juliana.  Aproveite a dança e depois iremos para o nosso apartamento que reservei aqui.
— Você pensa em tudo Neculai.
— Eu gosto de agradar sempre. Ha Ha Ha. 
...
...
— Chegamos no apartamento que reservei querida Juliana
— Parece com o meu sonho. Você me levava para um quarto...
— Continue Juliana. 
— E-eu não sei se devo. O sonho era tão intenso cheio de...
— Sangue...
— ...e Desespero. Ha Ha Ha. Aqui está a chave. Mas antes gostaria que não acendesse a luz. Tudo Bem?
— Sim Neculai. Deixe apenas a luz noturna iluminar este nosso momento.
— Venha. Deite-se na cama. Segure minha mão. Eu indico o caminho. 
— Seus olhos brilham no escuro Neculai. 
— Sim. Eu posso ver com facilidade no escuro. Deite-se. Coloque a sua cabeça em meu peito. Vou passar minha mão no seu cabelo. 
— Eu estou no sonho. Só pode. Era assim mesmo que eu queria... A cama está um pouco molhada. 
— Sim. como no seu sonho Juliana. 
— Então isso é...
— É. Ha Ha Ha. Eu disse que pensava em tudo.
— Posso beijá-lo Neculai.
— Sim! Eu permito.
— Preciso de você. Quero agora. Sinto que esta cama não tem só nós dois. 
— Como no sonho Juliana. Tem um casal. Mas eles não vão nos atrapalhar. Ha Ha Ha 
— Eles estão?...
— Felizes. Ha Ha Ha
— Eu não me importo. Preciso muito de você agora. 
— Eu e você cercado de muito sangue e desespero.
...
...
— Que dificuldade para estacionar o carro Fábio. Não imaginei que este hotel estaria tão lotado.
— Eu avisei Regina. Hoje é o Baile de Máscaras neste hotel. Valeu a pena a demora. Agora é só tomar um banho e dançar à noite toda. Vou no banheiro. Não tente escapar.
— Engraçadinho. Eu mataria você se tentasse algo. 
— Isso eu duvido. Eu sempre consigo o que quero. Sou irresistível.
— Um perdedor isso sim, mas é melhor sair com você do que a workaholic da Juliana. Como convenceu a sua mulher que iria ao baile de máscaras comigo? Ela não tem ciumes não?
— Ah eu dei um jeito. Não esquenta. Hoje é só eu e você. Minha Tchutchuquinha.
— Para de me chamar assim! Que ódio desse seu jeito estúpido. Vai logo se arrumar. 
— Tem sorte que estou de bom humor Regina. Vou tomar um banho e vou levar a chave do quarto para você não fugir.
— Vai lá. Tomara que escorregue e caia de boca na privada. Tapado.
— Privada é seu modo de vida Regina. 
— Vai logo. Estorvo!  E coloca a toalha quando sair. Não quero rir a noite toda! 
Bzzzz Bzzzz
 — O celular mas quem me ligaria a essa hora? Será que é a workaholic? Alô?
— Eu sou o Neculai. 
— Sou a Regina. Qual é a pizza? Tem um sabor especial aqui. Tapanafuça com garrafada. entrego no local. 
— Ha Ha Ha! Seu bom humor me deixa aliviado Regina. Assim não morro de tédio. 
— Sério Neculai. Que ótimo. Tenho um monte de insultos para um otário como você que fica ligando para garotas indefesas como eu. O que vai ser? vai ficar gemendo e babando enquanto falo te insulto? 
— Não precisa. Antes da uma hora da manhã você vai estar implorando por ajuda.
— Só se for me ajudarem a parar de rir Neculai. 
— Na gaveta do seu lado direito da cama tem uma arma com quatro balas. 
— O que? Nossa! É verdade! Qual é a sua cara? 
— É para você se proteger do Fábio. Sabe como ele silenciou a mulher dele para estar com você hoje?
— Como assim? Ele é uma anta, mas duvido que mataria alguém. 
— Quer apostar? Foi ele que colocou a arma aí. Ele vai acabar com você. Como fez com a mulher dele antes de vir para este hotel. Já atirou em alguém Regina. 
— Para com isso. Vou desligar agora! 
— O celular não desliga. 
— Como não. Droga está travado. Vou arrancar a bateria. Mas que merda é essa? Ainda está ligado!
— Ha Ha Ha. Aposto que está arrepiada agora.
— Eu não sei quem é você, mas pare com isso agora.
— Vai ter que atirar nele. Ele está com a chave. Você não tem como sair. Pensa rápido. Ele já desligou o chuveiro. 
— O que foi Regina? Quem está no celular? Mas que droga é essa? Onde achou esta arma. Me dá isso aqui. 
— Não chegue perto Fábio. Eu atiro. O que você fez com sua mulher? 
— O que? Isso não é da sua conta. Me dá esta arma. 
— Eu atiro. Fala logo. 
— Ela está em casa. 
— Me deixa falar com ela.
— V-você está louca? Se ela souber que estou com você eu estou morto. 
— Vai morrer se não ligar para ela agora!
— Esta bem. Eu ligo. — Alô? Selma? Selma? 
— Ele está mentindo. A arma tem silenciador. Ninguém vai ouvir. Fábio só quer te distrair Regina. Atire! Na perna dele. Agora!
Tunf! Tunf!
— Ahhh! Minha perna. Para com isso! Chama ajuda! Socorro. 
— Quieto Assassino! Se gritar de novo eu atiro na sua cabeça. 
— Não! Não atira! Eu não posso andar! 
— O que ia fazer Fabio? Deixar o meu corpo debaixo da cama? Me jogar na banheira? Você merece morrer! 
— Não! Só queria me divertir. 
— Matando as pessoas? Assassino! 
— Deixe-me cuidar dele Regina.
— O que? Como?
— Pode parar de falar comigo. O desespero do seu amigo me atraiu muito. Eu estou bem aqui atrás de você Regina. Sedento.
— M-mas como? V-você está sem roupa. 
— Vou colocar o roupão. Você não se importa não é Fábio? 
— Quem é você? Ela me atirou na perna. Preciso de um médico agora mesmo! 
— Então você matou sua esposa e foi para o Beije de máscaras. Ha Ha Ha. Parece título de filme. 
— Desgraçado eu não tenho que dizer nada para vocês.
— Nem vai precisar. No momento só quer o seu sangue! Ha Ha Ha.
— Socorro Regina! Atira neste cara! 
— Isso Regina. Sou um vampiro. Atirar em mim só vai estragar a parede do hotel. Agora Fábio. Aproveite o seu final de noite e eu aproveito o resto dela... Ha Ha Ha com o seu sangue. 
— Afaste-se! Não se aproxime! Me ajude! Não!
— Ah. Mas olha só que sabor delicioso todo este sangue e desespero dançando juntos em minha garganta. É um banquete e tanto. Espero que tenha se divertido muito nesta noite Fábio. Regina! Pegue o celular e tire uma selfie com a gente. Todos juntos. 
— Você deve ser algum maníaco. Eu jamais vou fazer o seu jogo. 
 É mesmo? Veja o sangue que está no chão. Sinta o cheiro do desespero. O que você está sentindo Regina?
— E-eu estou... Não sei dizer. Estou suada. está muito calor aqui. 
— Por que não fica mais a vontade? 
— Sim! é isso que vou fazer. Vou me deixar. Preciso tirar esta roupa. Ela esta me incomodando. 
— O cheiro de sangue e desespero está por todo o quarto. Você sente cada momento disso, muito intensamente. Está dominando seu corpo. 
— Sim! Eu preciso de você Neculai! 
— Não sei se devo. Você não me queria. Fez pouco de mim.
— E-eu quero! Me desculpe pelo que eu disse Neculai. Por favor. Venha. Sou sua. Farei tudo que quiser. 
— Temos alguns momentos apenas. Preciso trazer uma amiga para este apartamento. Ela se chama Juliana. Você deve conhece-la como a workaholic. Ela tem uma louca fantasia de fazer amor em um quarto cheio de sangue como no filme Coração Satânico. Você me ajuda?   
— Sim! Faço tudo que quiser! Do que precisa? 
— De Sangue... Ha Ha Ha
— Sim. É todo seu. Venha meu vampiro Venha Neculai. Me...


Por Adriano Siqueira 

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