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domingo, 26 de junho de 2011

Matéria - Um Cálice de Sangue - por Daiane e Vanuza




Matéria produzida por Daiane Andrade e Vanuza Machado estudantes de jornalismo da UNIBRASIL - Curitiba - PR - junho de 2011



Um cálice de sangue, por favor

Por Daiane Andrade e Vanuza Machado


Criado pela humanidade, o mito do vampiro – um ser que pertence ao submundo e à escuridão e que depende de sangue fresco para sobreviver – tem raízes profundas em vários países do globo, há séculos. São histórias muito antigas, salpicadas de batalhas entre o bem e o mal, a luz e as trevas, a vida e a morte, e que mesmo hoje ainda povoam a imaginação de adultos e crianças. Porém, ao contrário de se tornar ultrapassado, batido, esse tema vem sendo reinventado, e o resultado disso é a conquista de mais e maiores espaços, inclusive aqui, em terras tupiniquins.


Mas a inserção da fantasia na literatura nacional não é fruto do acaso. Antes, deve ser pensada como um subproduto do sucesso de filmes e seriados de televisão estrangeiros – as febres – como a saga “Crepúsculo”, baseada nas histórias de Stephanie Meyer, “Os Diários do Vampiro”, inspirados nos livros de L.J. Smith, e “True Blood”, adaptação das novelas de Charlaine Harris. Não há como negar a influência dessas obras no aumento das vendas de livros de ficção sobre o tema no mundo todo.


Há cerca de duas décadas, o brasileiro não tinha lá muita afinidade com a chamada literatura fantástica – nome dado a esse tipo de narrativa ficcional. Fato é que pouco ou nada se lia sobre lobisomens, bruxas e vampiros, mesmo com todo peso da fama de Bram Stoker, Anne Rice e outros grandes autores do gênero. Entretando, cada vez mais os leitores aceitam e consomem essas obras, e com isso desenham (ainda que a passos lentos) um cenário no qual já despontam os primeiros ídolos made in Brazil.


Exemplo claro dessa nova realidade é o caso do livro “Os Sete”, de André Vianco, que nos primeiros dez anos de edição já ultrapassou a marca de 80 mil exemplares vendidos pelo Brasil. Esse número, em análise superficial, pode até ser encarado como modesto, mas em se tratando de um país com deficiências claras no que se refere à leitura, seja por fatores educacionais, culturais ou econômicos, é uma quantidade que deve ser, no mínimo, respeitada.
Além de Vianco, há ainda outros escritores em ascenção no palco nacional entre os quais estão Adriano Siqueira e Giulia Moon. Cada autor idealiza e dá vida aos seus personagens, conferindo-lhes características, traços e personalidade únicos, de modo a atrair e envolver o leitor. Depois, é só contextualizar – na obra “Bento” (2003), Vianco cria um ambiente inusitado ao descrever um mundo abandonado, que não conhece a ação humana há trinta anos, e onde os poucos sobreviventes se abrigam em fortes militares na tentativa de se proteger dos vampiros e da sua caçada por sangue fresco.


São tramas para todos os gostos, sem dúvida. Até mesmo os modernos vampiros vegetarianos de “Crepúsculo”, tão criticados por fazerem o gênero mocinho – brilham se expostos ao sol, em vez de se transformarem em cinzas, como nos contos tradicionais, e não se alimentam de sangue humano – têm lá os seus vários milhões de admiradores. Isso porque as pessoas aceitaram essa nova receita, e aprovaram o romance entre uma humana e um vampiro, que se aceitam, se casam e até têm filhos.


Entre os autores, a situação é a mesma. A maioria deles julga a mudança como positiva, uma vez que abriu uma nova porta para que o leitor adentre o mundo da literatura fantástica sem precisar passar pelas fórmulas quadradas e cansativas que tínhamos até pouco tempo, e que, fatalmente, acabam tirando o prazer de quem gosta desse tipo de gênero. “Seria a política dos bons costumes interagindo com a ficção fantástica”, explica o autor, Adriano Siqueira. “Não faz muito tempo que as histórias sobre bruxas que usavam partes de animais para fazer os seus feitiços acabaram, e a nova era trouxe as wiccas, que trabalham apenas com as raízes e a natureza. Agora, no caldeirão, somente ervas e raízes”, ironiza. Sobre os vampiros, o autor enfatiza. “Um assunto puxa o outro e, com 'Crepúsculo', não foi diferente, pois embora tenham criado um vampiro mais light, a essência permanece, e é nessa essência que o público vai procurar mais histórias sobre o tema e acaba encontrando os vampiros tradicionais”.


Outra vantagem nesse aumento de obras e de autores de ficção brasileiros é a oportunidade que o público tem de interagir com os escritores e acompanhar a produção das histórias, qualquer que seja a preferência. “Deve ser bem interessante para o leitor conhecer o cara que inventou um mundo que o leitor está ali, descobrindo”, comenta Vianco. Como falam o mesmo idioma e estão cada vez mais presentes nas redes sociais – ambientes amplamente frequentados pelo grande público – a cada dia que passa esse contato fica ainda maior.


Mas o gênero vampiresco no Brasil ainda vai além. O boom no consumo de obras desse tipo também influencia no surgimento de novos autores, apesar de o mercado nacional não ser exatamente como os escritores gostariam. E quem ganha com isso? O consumidor. “Eu adoro ler vários autores diferentes, fico comparando os estilos de cada um, a criatividade, as estórias”, confessa a gerente administrativa Magda Machado. “É sempre bom termos um leque variado de escritores, até para que possamos saber qual a nossa preferência”, conclui.


Seja como for, o que falta agora é conferirmos o trabalho dos nossos autores nas telas de cinema, o que infelizmente até o momento ainda não foi possível. Essa talvez seja a nova meta a ser alcançada, um sonho comum tanto de escritores profissionais quanto amadores. Mas sem pânico! Não há porque iniciar uma corrida desenfreada em busca das telonas brasileiras, até porque, citando Siqueira, “falar de vampiros é um assunto que nunca vai se acabar”.

fonte:
http://vanuzaevans.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Em vez de promover vampiros q mais parecem gente comum e são (pasmem! vegetarianos) esse pessoal tinha q transformar seus contos em filmes p/ o cinema. Pena eu não ter poder p/ fazer isso. Bjs

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