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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Fator Montese - Parte 11



Fator Montese
Parte 11

Luney e o Cavaleiro Valente estavam a procura de um outro caminhão que carregava um programa com a outra metade do código para completar o Ritual Montese.

— Sei que parece loucura Valente, mas vamos supor que o Neculai consiga recuperar todo este Ritual em forma digital. Acha que ele usaria para o bem?
  
— Luney! Só de olhar para este vampiro, sem ele dizer nada já tenho vontade de enfiar a minha espada no peito dele. Sabe bem que não gosto dos vampiros. São traiçoeiros e eles só querem o nosso sangue. Se eu encontrar este caminhão, pode ter certeza que destruirei este ritual por completo. Já vi como está sendo usado de forma terrorista. Nas mãos do Neculai seria um desastre.

— Você aprecia um bom desafio mesmo né Valente. Uma vez me desafiaram a subir em um prédio na Avenida Paulista na década de 80 eu fui lá e provei para todos que eu podia. Até um conjunto que tocava rock na época me viu em cima do Top Cine e eles tocaram lá. Tem até o vídeo deles na internet. Eu que dei a ideia.
— Acho que você fala muito Luney.
— Falando em desafio. Bom eu tenho um para você.
— Estamos no meio de uma missão.
— É rapidinho.
— Não.
— Te dou uma camiseta nova sem ter a cara do "Neculai para presidente".
— Hum. Qualquer camiseta é melhor que esta. Tudo bem então. Qual é o desafio.
— Vamos roubar um carro.
— O que? A insanidade do Neculai é contagiosa? Que loucura é essa homem?
— Vai ser rapidinho Valente. O carro está aqui perto. Ele está em um exposição que vai abrir amanhã cedo. Temos que tirar o carro de lá. Ele é assombrado. Muita gente pode morrer por causa dele. As crianças gostam de entrar nos carros antigos. Você não iria querer que algo acontecesse com elas não é?
— Luney não seja manipulador como o Neculai. Se o carro é tão perigoso por que acha que deixariam em uma exposição para o público?
— Eles não sabem disso. Eu sei. O carro é do começo dos anos 80. O dono do carro odiava o cachorro que o seu filho tinha. Um dia ele levou o cachorro no carro para passear. Nunca mais viram o cachorro e ele disse para o filho que ele pulou a janela e nunca mais voltou. O garoto cresceu, o pai dele morreu de velhice e ele vendeu o carro do pai. Só que...
— Continue Luney. A história está interessante.
— O comprador do carro morreu dias depois dentro do carro. Ele tinha marcas de mordidas de cachorro por todo o corpo. Nunca acharam o cachorro.
— Um cachorro fantasma?
— É. O carro foi vendido novamente para um colecionador de carros antigos. Um assaltante tentou roubar o carro e morreu do mesmo jeito.
— Esse merecia.
— O colecionador ficou com medo de usar o carro. Ele usa um guincho para levar o carro nas exposições.
— Então ele sabe.
— Ele suspeita. Mas não quer vender.
— Então é só explicar para o pessoal e assim podemos levar o carro.
— Não seja ingênuo Valente. A exposição abre amanhã. Acha que vão emprestar o carro para um passeio?
— Eu posso tentar. Pro que parou?
— Preciso de um acessórios.
— Sim mas você está roubando um jornaleiro?
— Quieto Valente. Me ajuda com a porta.
— Tudo bem.

O cavaleiro Valente transforma a sua espada em um é de cabra e consegue abrir a porta do jornaleiro.
— Está feito. O que está fazendo?
— Estou pegando os jornais e revistas e enrolando eles nos meus braços e pernas. Não quero ser ferido por aquele cachorro. Achei uma camiseta para você. Está como brinde de uma revista.
— A camisa vai só até o umbigo.
— Você disse que qualquer camiseta era melhor do que a do Neculai.
— É desconfortante.
— Vamos logo Valente. Agora não é hora para pensar em moda.
— Essa missão não é exatamente para um cavaleiro como eu.
— Aventuras Valente! É isso que importa.
— Troco por um sanduíche.
— Eu sinto a adrenalina no corpo. Lembra aquelas séries antigas da TV como a Supermáquina ou o as aventuras do Speed Bugg ou Carangos e Motocas ou Mamãe calhambeque.
— Que língua você está falando Luney?
— Pronto Valente. Já chegamos no local. Distraia os seguranças e assim posso pegar o carro. Ah. Não esqueça de esconder sua espada.
Valente se concentra e transforma a espada em um machado.
— Um machado? Brilhante! Ficou muito discreto agora Valente.
O cavaleiro Valente se aproxima da porta principal enquanto o Luney escala uma parede de quinze metros para entrar pelo telhado.  O cavaleiro começa a falar com o segurança.
— Olá meu amigo. Vim ver a exposição de carros.
— Só abre amanhã. Afaste-se por favor! Deixe este machado no chão!
— Calma! Eu sei que só abre amanhã, mas eu queria que soubesse que tem um cara aí dentro que quer roubar um carro e eu queria vê-lo pois sei que amanhã o carro já não vai estar aí.
— Do que está falando?
O segurança avisa outros seguranças para irem até a entrada.
— Senhor espere um momento estou chamando mais pessoas para contar a sua história. Se afaste do machado por favor.
— Mas e verdade o cara vai roubar o carro. Eu só quero vê-lo. Estou curioso.
Os outros seguranças chegam e começam a fazer perguntas. Valente coloca o pé no cabo do machado e a parte da frente do machado voa preso a uma corrente em direção aos seguranças. Valente pega a arma e balança várias vezes até que a corrente prendendo todos os três seguranças.
— Pronto! Fácil! Mas o quê...
Valente tem segundos para se abaixar. O carro passa por cima dele e Breca logo em seguida. Valente consegue subir em cima do carro e escuta o Luney gritando.
— O cachorro está aqui. Ele tentou me morder. Valente tente achar algo no porta malas.
— Achar o que?
— Sei lá... Uma coleira. Ossos do cachorro. qualquer coisa dele.
— Diminui a velocidade.
— Se eu fizer isso o cachorro vai acabar comigo!
— Estou indo! Para de reclamar. Para onde vai levar o carro.
— Para a casa do dono do cachorro.
— Achei ossos no Porta malas. Tem uma espingarda também e estava bem escondida embaixo do forro.
— É isso. O dono do carro matou o cachorro aqui dentro.
— O que vai fazer?
— Argh. Segura.
— Controla essa carro! Eu quase caí!
— As revistas no meu braço estão sendo destruídas pelas mordidas. Não estou conseguindo controlar o carro. Se segura!
— Que noite!
O carro entra com tudo no quintal do dono do cachorro. Ele abre a porta assustado.
— Quem são vocês? Oque estão fazendo com o carro que era do meu pai?
— É uma longa história homem. Seu cachorro ainda está aqui.
— Quando Luney abre a porta o cachorro se torna visível e corre em direção ao seu dono e começa a lambê-lo.
— Dogi! Dogi você está vivo? Que saudade rapaz.
Luney explica para o dono tudo que sabe.
— Ele não está mais vivo. Encontramos os ossos dele no porta-malas junto com esta espingarda . Desde então ele tem assombrado os donos deste carro.
— É a arma do meu pai. Não acredito que ele fez isso. Eu disse que eu amava meu cachorro acima dele. Meu pai queria que eu fosse tão frio quanto ele. Achava que sendo frio eu sofreria menos e seria mais rigido com as pessoas. Ele sabia que meu ponto fraco era o meu cachorro. Levou o Dogi para passear no carro e nunca mais eu o vi. Meu pai nunca me contou a verdade. Espalhei muitos cartazes pela cidade procurando meu cachorro. Chorei por vários dias. Foi por causa disso que hoje sou dono de um canil. E agora Dogi está aqui. Vamos ficar juntos para sempre.
— Você tem que enterrar os ossos do seu cachorro no seu quintal. Assim ele poderá ir em paz.
O rapaz estava chorando, mas ele aceita o pedido do Luney.
— Dogi! Farei tudo para você continuar seu caminho feliz. Me desculpe pelo meu pai. Me desculpe por não tê-lo protegido como deveria. Eu era só uma criança.
O cachorro balança o rabo e late algumas vezes e vai até uma parte do quintal que fica bem perto a janela do quarto do seu dono e começa a cavar um buraco. Ele late novamente antes de desaparecer deixando o rapaz sorrindo com muitas lágrimas.
— Acho que ele até escolheu o lugar para ficar não é? Obrigado por achar meu cachorro. Vou fazer o que pediu.
Valente interrompe.
— Temos que ir Luney.
— Novamente estamos sem carro Valente. Você está bem?
— E-eu... Estou bem. Que o cachorro tenha a paz que merece.
Um carro buzina e eles olham. Era a Alicia Zoom. Ela sorri e convida.
— Carona rapazes? Achei vocês pelo GPS. Que camiseta é essa Valente? Está com o umbigo para fora.
— Foi o Luney que me deu. Ele não entende nada de moda.




Por: Adriano Siqueira

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