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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Adivinhe quem vem para jantar - Contos de Vampiros - por Adriano Siqueira




- Adivinhe quem vem para jantar -

Por Adriano Siqueira


Eram mais de dez horas da noite. Giulia,sentada lendo as propostas de criação para seu cliente, não costumava receber pessoas a essa hora no escritório, mas o trabalho de criação nunca tinha hora para terminar.
O cliente vinha dos Estados Unidos e ela não o conhecia pessoalmente, apenas por telefone. Jeremy era seu nome.
Ela estava sozinha e cansada, quando finalmente alguém bate na porta.
Ela abre e vê um homem alto, cabelos longos e presos em um rabo de cavalo, com olhos que pareciam duas labaredas de fogo e olham para o rosto de Giulia e para todo o escritório.

— Desculpe a demora, Giulia.

Sua voz era suave e calma. Giulia tentou responder no mesmo tom, mas o sorriso daquele homem era encantador, os dentes perfeitos e brancos. Ele segurava nas mãos de Giulia tão carinhosamente - eram tão macias que não pareciam ser de um homem. Ele olhava para Giulia como se estivesse procurando algo em seu pescoço.
Usando de toda a delicadeza o visitante disse:

— Não vai me convidar para entrar?
— Claro!! - Ela disse, olhando para os papéis e torcendo para que ele também olhasse e desviasse a atenção dela.

Ele olhou para os papéis junto com ela, mas logo em seguida, ele voltou a olhar para seu rosto.

— Você é admirável!
— Obrigada, mas... Sobre o projeto...

O telefone toca e Giulia quase derruba o telefone no chão de tanta euforia.

— Alô! Alô?
— Giulia, sou eu, Jeremy.

Ela muda de cor e fica pálida. O homem olhava o projeto e perguntava se foi ela que fez...

— Sim, fui eu mesma. Eu e minha equipe.

No outro lado da linha Jeremy falava com ela...

— Quando poderemos nos encontrar novamente?

O homem que estava olhando a mesa de Giulia viu o telefone. O aparelho registra o número e o nome de quem ligou. Para a sua surpresa, o nome que estava em cima do número era Jeremy.

— Quarta-feira pra mim está ótimo. Está ok para você?

O sinal havia caído.
Ela teve apenas uma fração de segundos para ver que aquele homem havia desligado o telefone e estava quase aguarrando seu pescoço.
Desviando-se daquelas mãos que outrora eram macias, ela corre tentando escapar.
Então aquela montanha segura o braço de Giulia e ela não tem outra saída senão revidar.
Agarrando o pescoço dele, ela levanta-o a meio metro do chão. Ele agarra a mão dela tentando se libertar. Ela sorri.

— Quem enviou você?
— A igreja... Eles me pagaram para isso.

O falso Jeremy retira uma estaca do seu sobretudo e Giulia segura o braço do Caçador com a outra mão.

— Não foi rápido demais Jeremy.

Chegando perto da janela, o homem fica louco e implora por clemência.

— Por favor, moça! Estou apenas trabalhando... É o meu trabalho!

Giulia empurra o homem para fora do prédio e segurando, com apenas uma mão, ela diz:

— O meu também.

Giulia solta o homem e, enquanto ele grita, esperando pelo seu fim, ela olha para a lua... E sorri.



Autor: Adriano Siqueira

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