Uma vampira em apuros
por Adriano Siqueira
Luis abre a porta e encontra Silvia sentada no sofá lendo uma revista tranquilamente.
Ela olha para Luis e sorri, mas ele não estava de bom humor.
— Olha aqui, Silvia! Eu não sei que tipo de jogo é esse, mas isso acaba aqui! Pegue seu dinheiro. Sou um profissional. Não sou peão de ninguém! Não admito que brinque comigo!
— Calma, Luis! – Ela diz, ainda sorrindo. – Não é uma brincadeira. Paguei para saber tudo sobre mim e se você descobriu que estou morta então está no caminho certo.
— Você está louca! Só pode estar. Isto é um jogo. Todas as pessoas que te conheciam afirmam até que foram no seu velório. Algumas testemunhas juraram ter visto homens voando perto do seu corpo. Meu Deus... Isso é loucura mesmo.
— Realmente é. Mas é tudo verdade e sinto-me satisfeita por contratar um detetive tão bom, tão esperto. O dinheiro é seu. Fez um ótimo serviço.
Luis medita por alguns instantes. Pega o dinheiro, coloca no bolso e senta no sofá. Ela senta-se ao seu lado, respira fundo e fala:
— Sou uma vampira, Luis. Eu nasci naquela noite.
Depois de ouvir isso... Sabia que havia algo sobrenatural. Mesmo assim, não vou fazer deste caso uma exceção. Estou ouvindo uma cliente e tratarei como tal, mesmo que pareça ser um caso para um psicanalista.
Ela sorri e começa a contar sua história.
— Quando me transformaram em vampira, meus ideais mudaram. Tudo se resumia em trazer pessoas para minha casa, saciar a fome. Eu não tinha escolha, fui amaldiçoada com essa doença, sou a doença. Só que, agora, algumas coisas estão saindo do controle.
— Que tipo de coisas?
— Aconteceu há algumas noites. Estava com um homem, um gigolô que explorava algumas garotas da cidade e, quando mordi seu pescoço, eu não consegui sugar seu sangue. Fiquei com muita raiva. Quebrei o pescoço dele para parar de se mexer. Assim poderia sugar mais tranquilamente. Porém, o pouco de sangue que consegui sugar vomitei... Larguei seu corpo lá e tentei com mais um homem, um viciado. Tive o mesmo resultado. Não consegui nada e vomitei cada gota que adquiria.
— Isso parece uma piada, mas os vampiros não têm um médico para esses casos?
— Quando acontece algo assim, procuramos nossos irmãos - e eles foram bem diretos: se estou com esses sintomas, certamente vou morrer de fome. Anêmica. Disseram que eu iria ficar cada noite mais fraca até não ter mais forças para me movimentar.
— Se é assim, por que não se mata?
— Vampiros não se suicidam. Não temos como fazê-lo. É contra nossos princípios. Nossa meta é nos alimentarmos e cuidarmos dos nossos irmãos.
— Tenho uma novidade para você, Silvia.
Luis tira um pedaço de jornal do bolso e mostra...
— Conhece esse cara?
— Não pode ser! Esse é o vampiro que me transformou no que sou!
— Este, Silvia, foi encontrado há poucos dias, morto e perfurado com muitas lanças de madeira. Acho que desde que ele morreu você tem se sentido mal. Sabe o que pode significar? Que você não é mais uma vampira.
— Isso é ridículo. Sou uma vampira. Eu sou...!
Já estava quase amanhecendo quando Silvia foi até a varanda e subiu no muro do prédio. Olhando para baixo disse:
— Se for verdade, o sol vai me torrar enquanto eu estiver voando. Se for mentira, a culpa vai ser tão forte que jamais serei normal. Jamais terei a vida que tinha.
— Silvia! Saia daí, por favor!
— Sinto, Luis. Obrigado por tentar me ajudar. Daqui pra frente eu sou dona do meu destino.
— Silvia! Não!
Mas era tarde. Os raios do sol já iluminavam a cidade. Silvia pulou e Luis tentou segurá-la, porém as suas mãos estavam muito suadas e ela escorregou entre seus dedos. Vendo que não havia mais segurança, ele também salta.
Ele consegue alcançá-la e, agarrando seus braços, Luis joga seu corpo para uma janela, protegendo-a da queda.
Ela desperta e rapidamente corre para janela e vê Luis flutuando, soltando uma leve fumaça por causa dos raios de Sol. Ele vai entrando aos poucos pela janela.
— Você... É um vampiro.
— Isso mesmo, Silvia. Desculpe-me por ter feito você passar por tudo isso, mas precisava saber se realmente gostaria de ser uma vampira novamente.
— Sim, Luis... Eu quero mais do que nunca.
Os dois se abraçam e ele aos poucos vai beijando seu rosto, seus lábios, até que finalmente chega em seu pescoço e dá a sua eterna mordida.
por Adriano Siqueira
Adorei, muito bom o conto, eu também escrevo histórias de vampiros, se quizer dá uma olhadinha no meu site:
ResponderExcluirhttp://vampirediary.multiply.com/
Parbéns pelo seu site, você é muito talentoso.