Páginas

domingo, 17 de outubro de 2021

O Quadro Misterioso

 



O quadro misterioso

Texto e Arte de

Maria Ferreira Dutra



31 de outubro era festa de aniversário do Mário e celebração de festa de halloween.


A comemoração acontecia em um salão temático. Mario completará seus oito aninhos e como em todas as festas, as crianças ganham presentes, entre vários recebidos, ele ganhou um quadro, mas não era um quadro qualquer era um, esse tinha a figura de um personagem alegre e cabelos coloridos, seu macacão, a sua maquiagem e a sua bota chamava muito a atenção pelo seu colorido. 

Mario, como era vidrado em palhaço, e já havia desenhado muitos com chapéu sentiu falta daquele não ter.


Era uma pintura de palhaço muito simples. Mario agradeceu o presente e foi curtir a festa. 


Depois que a festa acabou por volta das vinte horas todos foram para casa, Mario levou seus presentes para o quarto e ficou por lá mesmo. A falta do chapéu na pintura, o incomodava, achava que era o que faltava para ser uma obra perfeita.


Mario então abriu o seu estojo de pinturas e começou a dar mais detalhes na pintura fazendo então o faltoso chapéu e assim ele o colocou para secar na sua estante.


Satisfeito com o resultado ele desceu as escadas, foi até a mãe e a perguntou quem havia o dado o quadro.


A mãe não sabia, mas perguntaria depois no grupo do zap dos amigos caso ninguém perguntasse se o filho havia gostado do quadro.


Mario não comentou a mudança que ele fez no quadro. Foi até a cozinha bebeu um copo d'água deu boa noite para os pais e foi dormir.


No meio do sono teve um sonho esquisito. 

Sonhou que o palhaço do seu quadro tirava o chapéu e  gargalhava para ele. As risadas eram maléficas. Mario acordou com o coração batendo acelerado acendeu a luz olhou para o quadro na estante e voltou a dormir.

Ao pegar no sono sentiu-se desconfortável pois o sonho invadio a sua mente de novo e ele acordou novamente. 


Mario desceu correndo as escadas para contar aos seus pais que pela a primeira vez em sua vida ele estava com medo de palhaço.


Ao chegar no quarto dos pais não encontrou ninguém.  Chamou por toda parte da casa e nenhum dos dois responderam.

Mario foi até a sala para pegar o telefone fixo e ligar para a mãe, mas ao se aproximar do aparelho que ficava numa estante, viu seu quadro e olhou bem de perto e seus pais estavam lá pintados com o palhaço. 

Mario recuou assustado e se  perguntou quem havia pintado aquela imagem, pois naquela casa só quem gostava de artes era ele. 


Mario continuou a chamar pelos pais e quando ia saindo ouviu gritos distantes de socorro. Mario chamou pela mãe novamente.


— Mãe! É você mãe!? Eu ouvi a sua voz bem longe você está me ouvindo? Está precisando de ajuda?


Um sussurro e estado novamente e Mario olhou para o quadro e as posições já eram outras o palhaço segurava a boca da mãe.

Mario percebeu que  seus pais estavam presos naquele  quadro, mas como ele os tiraria de lá. 

Mario voltou em seu quarto e tentou agir o mais depressa possível. Pegou um quadro do mesmo tamanho do qual ele havia ganhado desenhou os seus pais em sua cama e em outro quadro desenhou o palhaço dentro de uma caixa e sem o chapéu.

A imagem do quadro que ele ganhou foi se desfazendo pouco a pouco até ficar uma tela branca.

Mário ouviu o miado do seu gato descendo as escadas, ele se chamava "Pé de bola", roçou o corpo em suas pernas e foi até o quarto dos donos Mario foi atrás. O gato pulou na cama acordando os donos.

Rita se assustou com o gato e só ver o filho em pé do lado da cama, perguntou o motivo pelo qual ele não estava dormindo.


— Nada não mamãe. Eu só estava com saudade daquela época em que eu dormia grudadinho com vocês. Eu posso ficar hoje aqui, só hoje como quando eu ainda era um bebê?

— Claro meu filho deite do nosso lado. Vai ficar meio apertado mas ficaremos bem coladinhos.


—Mãe! 


—O que foi meu filho?

— A senhora acredita em assombração ?

— O quê filho!?

— Nada não. Se eu te contar a senhora não vai acreditar.

— Boa noite.

Ao amanhecer Mario colocou o quadro na caçamba do carro de lixo para o caminhão levar.

Ninguém nunca mais soube como seus pais foram parar lá e Mario nunca teve coragem de contar essa história para os outros com vergonha de virar chacota.


Por Maria Ferreira Dutra

@_maria_dutra_


Arte: Adriano Siqueira 

Nenhum comentário:

Postar um comentário