A magia e a escuridão,
a história de um vampiro e uma bruxa
Eu
gostava de caçar monstros à noite, e sabia que a floresta tinha vários deles.
Peguei meu cavalo e minha espada. Estava também com meu misterioso manto negro.
Saí do castelo, andei alguns quilômetros, mas não encontrei nenhum monstro.
Quando escuto um aviso, era como se viesse de dentro de mim.
—
Cuidado, ele está atrás de você!
Virei-me
para enfrentá-lo. Ele gritou, o que fez meu cavalo se assustar. Caí, e minha
espada escapou para longe de mim. Era meu fim. Eu estava suando muito. De
repente, duas bolas azuis e enormes foram lançadas na direção do monstro e
explodiram ao atingi-lo... Fui me proteger do impacto, pois sabia que se fosse
água, eu estaria em maus lençóis. A água é um elemento prejudicial a seres como
eu. Com a explosão, o monstro caiu, recuperei minha espada e terminei o
trabalho cortando-lhe a cabeça.
De onde
teriam saído estas bolas gigantes? E quem entrou na minha mente para me avisar
do perigo?
Isto
era magia, sem dúvida, mas de quem? Já enfrentei bruxas antes.
Bonitas
e feias, mas todas extremamente perigosas. Tenho receio de algumas, pois eu sou
um vampiro e elas sabem usar seus poderes hídricos, o que para mim seria fatal.
Meu
corcel se machucou na batalha. Tive de abandoná-lo e seguir o resto do caminho
andando.
Mas... o que é isto?! Uma águia! E quase
arrancou minha cabeça... Ela pousou no meu
corcel.
Suas
feridas cicatrizaram de imediato... Mais magia!
Pelo
menos, ele se recuperou.
Seguindo
novamente em minha montaria, encontrei uma plantação de rosas no meio da
floresta. Não sou muito fã dessas flores, pois elas geralmente fazem parte de
religiões. Mas confesso que aquelas cores vermelhas misturadas com a lua deram
um tom diferente. Cheguei mais perto
para averiguar... Uma delas se enroscou em minha mão... Saiu do meio daquela
plantação um bruxo... E foi logo dizendo:
— Lord Dri, meu nome é Pedrunsk Barkos e
eu o proíbo de ir em frente, pois vários monstros que eu criei você destruiu! Sou
o único bruxo que pode com seus poderes de vampiro e irei destruí-lo!
Já com
a espada em punho e pronto para cortar aquela cabeça, coloquei-me em posição de
batalha.
— Nada
neste mundo me fará esquecer tal maneira arrogante com que se dirigiu a mim! —
avisei. — Pois eu sou o Lord Dri, senhor
das batalhas e das conquistas, e você não é nada a não ser um homem sem honra
escondido em plantas! Saia daí e me enfrente!
Com uma
gargalhada, o bruxo desapareceu. Mas deixou alguns amigos para me fazer
companhia.
Nunca
vi nada igual aquilo... Fantasmas com armas. E seus rostos... Não! Eu não
conseguia olhar. Estava com medo. Talvez alguma magia que o amaldiçoado bruxo
me lançou! Medo era um sentimento humano...
Agora
apavorado, cobri meus olhos com um braço e comecei a balançar a espada de um
lado para o outro. O mais estranho é que meu corcel estava quieto como se não
houvesse nenhum perigo aparente. Seria tudo uma ilusão?
Ouvi um
som de correnteza... Mas como? Eu sabia que não havia nem lagos nem rios
naquele lado da floresta. O barulho aumentava e, quando olhei, achando que
seria engolido pelo mar, todos os fantasmas haviam sumido! E nada de água...
Fui vítima de uma ilusão.
Avancei
mais pela floresta. Já não queria mais caçar monstros... Só estava mesmo
curioso com todas estas magias e bruxos.
Aquela
águia estava voando acima de mim... O que será que havia de tão especial
naquele pássaro? Fui seguindo-o com os olhos. Nós, vampiros, podemos ver muito
bem no escuro. Estranho... A águia se dirigiu a um castelo que eu nunca tinha
visto antes naquelas terras... Seria outra ilusão daquele bruxo?
Três
palavras entraram em minha cabeça e eu não consegui entender seu significado:
— Tire
o amuleto!
O
castelo deveria ter todas as respostas.
Após
entrar no pátio, desci do cavalo. Coloquei em punho a minha espada e segui para
o interior da construção. Passei pelo hall e decidi subir uma ampla escadaria.
Não encontrei ninguém pelo caminho.
Tudo o
que existia de mais sagrado em bruxaria deveria estar lá!
No
pavimento superior, entrei em um quarto sombrio e úmido. A águia estava na
janela e praticamente me dizia que aquele era o lugar exato.
Havia
uma cama e em cima dela, um balde de ouro com água. E na água... Um amuleto!
Peguei
o amuleto com a espada. A água começou a se aquecer. Fiquei nervoso... Não sabia
o que estava acontecendo... Odeio ficar nervoso. Joguei o amuleto no chão. A
águia voou até ele e o levou embora.
O vapor
da água estava me sufocando e eu pude, naquele momento, ver todas as batalhas de
que participei passarem na minha mente.
Meus
olhos estavam embaçados quando apareceu alguém na minha frente.
Acho
que era uma mulher. Nua. Comecei a levitar e desci, deitado, em um lugar macio.
Ela
estava em cima de mim. Senti o seu corpo colado ao meu, mas estava tendo visões
estranhas. O quarto se enchia de sangue por todos os lados. As paredes, os
móveis... Apareciam luzes brancas em toda parte... Ela me disse:
—
Preciso de você! Preciso...
Senti
minha energia de vampiro enfraquecer tanto que conseguia beijá-la sem sentir
meus caninos. Mal conseguia me mover. E... Eu estava querendo mais e mais, até
que tudo voltou ao normal e ela me empurrou.
— Chega!
— dispensou. — Já tenho poderes suficientes!
Ela se virou
para a janela:
— Minha
águia deve ter levado aquele maldito amuleto que me aprisionava!
Suas roupas
apareceram do nada... Era como se o vapor daquela água se transformasse em
roupas.
— Nunca
imaginei que vampiros tivessem tanta energia — comentou.
E
sorriu para mim:
— Meu
nome é Shy. Eu era a bruxa mais poderosa até o maldito Pedrunsk Barkos tomar o
meu espelho secreto.
Eu
estava um pouco confuso. Levantei-me da cama.
— Olha
aqui, bruxa, não tenho nada com isto e não vou ficar aqui nem mais um minuto.
Passei a noite inteira para cá e para lá, enfrentando até temores humanos e
minha energia sendo sugada só para tirar um amuleto de um balde?
— Pois
o senhor está livre, Lord Dri! Sim,
sei seu nome. Foi praticamente eu quem o trouxe aqui. Mas pode ir embora e leve
esse balde de ouro como recompensa.
Ela
realmente se ofendera com meu desabafo.
Foi
quando olhei para porta e uma enorme sombra apareceu. Pedrunsk Barkos.
— Não,
meus caros amigos — rosnou ele. — Ninguém sairá deste castelo. E aquele é meu
espelho agora, cara Shy.
— Está
vendo, Lord? — disse ela. — Vá embora
enquanto eu enfrento essa coisa medonha.
— Vá
nessa Shy! — foi minha vez de me sentir ofendido. — Eu não saio sem dar uma
surra nesse safado.
No
mesmo instante, Pedrunsk fez surgir um monstro em nossa frente. Um monstro de
metal... Enorme!
Enfrentei-o,
destemido como de costume. Mas minha espada não penetrava em sua couraça. Eu
estava sem saber o que fazer quando Shy jogou uma bola de energia azul na
espada.
— Agora,
Lord! Use seu poder!
Olhei
para a lua e meus olhos pegaram fogo. Um raio surgiu e tomou a espada, transformando-a
numa arma reluzente.
Comecei
a cortar o monstro em pedaços, e pouco a pouco ele foi desaparecendo.
Quando
olhei para os lados procurando Shy, não vi mais ninguém naquela sala.
Saí
desesperado atrás dos bruxos.
Numa
das janelas do corredor, avistei meu cavalo, inquieto. Ele espiava algo
assustador que acontecia numa das torres do castelo.
Fui
correndo ao topo e, quanto mais perto chegava, ouvia sons cada vez mais
intensos. Era um duelo mágico.
Isto
tinha de acabar... Foi quando vi um espelho no chão. Pedrunsk o deixara cair.
Peguei o objeto que eles diziam ser tão especial.
— O
espelho agora é meu e o usarei para levar você ao inferno, seu bruxo idiota! —
gritei.
— Não
faça isso! — ele brigou. — Seu tolo, você não sabe o que esse espelho pode
fazer! Ele pode transformá-lo em humano novamente!
Pedrunsk
negociava.
Aquelas
palavras me deixaram paralisado. Seria verdade que o espelho era mesmo tão
poderoso?
—
Quebre o espelho, Lord! — aconselhou Shy.
Não
consegui reagir... Estava vendo minha forma humana no reflexo do espelho.
Shy
olhou para a águia... Ela voou até meu cavalo.
Neste
momento, uma luz envolveu os dois animais e ambos se transformaram em um centauro
alado, que voou em minha direção. E, sem que eu fizesse nada para impedir,
arrancou o espelho de minhas mãos para levá-lo à lua.
—
Malditos vampiros e bruxas! — xingou Pedrunsk. — O meu poder... Meu poder!
Shy
criou uma névoa em forma de águia, que o carregou para o alto. Ele se debateu
até que, finalmente, explodiu.
A bruxa
olhou para mim.
— Seu
cavalo estará bem — avisou. — Eu o mandarei de volta para seu castelo.
Aproximou-se
de mim e me deu um beijo.
— Para
um vampiro até que você foi bem valente...
Eu estava
gostando da ideia de ficar assim, tão perto dela. Sorri.
Ela,
porém, levantou as mãos.
— Olha
a água! — disse, zombeteira.
Eu me
assustei e me afastei, a oportunidade para que ela desaparecesse na névoa... Ouvi
sua risada.
Ela
realmente gostava de brincar.
muito legal! parabéns pelo seu trabalho ótimo!
ResponderExcluirGostei, Lord Dri. <3
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