10 perguntas para Alexander Meireles da Silva
(Fantasticursos)
Por Adriano Siqueira
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Grupo Boteco Fantástico
1 – Quem é Alexander Meireles da Silva?
Alexander - Antes de tudo, um nerd apaixonado
por diversos aspectos do Fantástico na Literatura e no Cinema nas suas
diferentes vertentes da Fantasia, Gótico, Horror e Ficção Científica. Foi essa
paixão infantil e adolescente que me levou a seguir carreira na área de Letras,
com pesquisas e trabalhos sempre dialogando com o Fantástico. Fiz o Bacharelado
e a Licenciatura em Língua Inglesa e Literaturas Correspondentes na UERJ em
1998, a Especialização em Literatura Inglesa e Norte-Americana em 2001 e o
Mestrado em Literaturas de Língua Inglesa em 2003 também na mesma instituição e
o Doutorado em Literatura Comparada em 2008 na UFRJ. Nesse meio tempo publiquei
o livro Literatura Inglesa para
Brasileiros: Curso completo de Literatura e Cultura Inglesa para estudantes
brasileiros (2005) pela Editora Ciência Moderna e desde 2009 sou Professor
Associado de Língua Inglesa e Literaturas na Universidade Federal de Goiás.
Desde 2016 também sou produtor de conteúdos do canal FANTASTICURSOS, além do
blog e fanpage de mesmo nome.
2 – Como surgiu a ideia de criar vídeos sobre literatura
fantástica?
Alexander - A ideia surgiu dos meus encontros
com alunos e alunas quinzenalmente para discutir Literatura Fantástica. A cada
encontro, mais e mais participantes perguntavam se poderiam trazer colegas,
irmãos e primos, que não estavam na faculdade, mas que gostariam de participar
das discussões. Percebi então a necessidade de levar o que estava sendo
discutido dentro dos muros da Academia para quem de fato compra, lê e produz
Literatura Fantástica. A Academia se comporta como uma Torre de Marfim onde o
conhecimento ali produzido fica restrito a quem pertence a este universo. E
não, publicações e eventos acadêmicos não preenchem essa lacuna entre quem
pesquisa e quem lê e produz. Daí surgiu o Fantasticursos com a meta de abordar o Fantástico a sério por meio de
rigor acadêmico, mas com linguagem acessível.
3 – Acha que deveria ter mais eventos sobre escritores e
seus livros?
Alexander - Com certeza. De fato, não apenas
mais eventos literários, principalmente fora dos grandes centros urbanos, mas
também que se tenham eventos acessíveis.
Não adianta termos eventos como a
Bienal do Livro ou a CCXP que cada vez mais abrem espaço para a Literatura
Fantástica nacional e estrangeira, mas as pessoas não conseguem arcar com custo
de ingressos e outros fatores. Da mesma forma, eventos fora dos grandes
centros, mas localizados em cidades turísticas e de difícil acesso ao grande
público, como a FLIP em Penedo, também acabem assumindo um perfil elitista. Tem
de se levar o livro as pessoas que não tem acesso a ele no seu cotidiano.
4 – Os escritores nacionais de literatura fantástica deveriam
ter mais destaques na mídia?
Alexander - A mídia tradicional na verdade,
com raras exceções, não corresponde mais a realidade do publico leitor de hoje.
Hoje você compra um livro físico ou e-book a partir dos comentários de uma rede
de leitores e leitoras ou pessoas que falam de livros em blogs e nas diferentes
redes sociais. É ai que os escritores e escritoras nacionais devem estar
presentes e se fazerem notados e notadas.
5 – A atual realidade do mercado pode acabar com os livros e
transformar tudo em e-books?
Alexander - Não acredito. Assim como o Rádio
não sumiu com a Televisão e o Cinema não acabou com a Fotografia sempre haverá
público para livros físicos. O livro impresso sempre existirá. Há um encanto no
livro impresso que a tecnologia não consegue capturar. Eu mesmo sou um leitor
de livros físicos.
6 – Como acha que serão as bibliotecas no futuro?
Alexander - Da mesma forma que temos hoje,
sendo que o acervo físico será digitalizado amplamente para que qualquer pessoa
possa acessar de qualquer lugar. No entanto, pesquisas específicas demandam o
contato físico com a obra.
7 – Você aprecia mais antologias, livros com vários autores
ou livros solos?
Alexander - Como leitor, os dois. Como
professor, gosto de contos, estejam eles em antologias ou coletâneas. Tenho
pouco tempo para cativar os alunos e alunas e o conto tem o tamanho exato para
que eles e elas se encantem com o escritor ou escritora e corram atrás para
conhecer melhor a obra desses nomes.
8 – Já tem material suficiente para lançar um livro sobre
literatura fantástica nacional?
Alexander - Para quem quer entender o
desenvolvimento do Fantástico brasileiro em suas diferentes expressões fica a
dica para conhecer o livro Fantástico
Brasileiro: O insólito literário do Romantismo ao Fantasismo (2018), de
Bruno Anselmi Matangrano e Enéias Tavares, que aborda como as diferentes
vertentes do Fantástico se manifestaram ao longo da Literatura Brasileira do século
19 até os dias de hoje. Não se trata de um livro de contos, mas sim teórico.
9 – O que você diria para convencer uma editora a acreditar
mais na literatura fantástica nacional?
Alexander - Apontaria que os escritores
nacionais conseguem estabelecer um vínculo maior com leitores brasileiros por
questões culturais, linguísticas e geográficas. A qualidade da escrita é a
mesma e as editoras tem a vantagem de custos menores em, por exemplo, levar um
escritor nacional para os diferentes eventos no Brasil ao longo do ano.
10 – Quais são as suas dicas para alguém que quer ser
escritor de literatura fantástica?
Alexander - Ler. Por mais óbvio que possa
parecer conheço pessoas que querem escrever Literatura Fantástica, mas carecem
do conhecimento da tradição literária da vertente que ele ou ela quer explorar.
Para escrever não basta assistir a adaptação de uma obra para o cinema ou de
filmes do gênero. Não se escreve cyberpunk sem ler Neuromancer (romance de 1984, de William Gibson, tido como um dos
marcos desse subgênero) ou sobre vampiros sem ler Carmilla (1872), de Sheridan Le Fanu. Essa base ajuda o escritor e
escritora a saber por onde caminhar e buscar seu caminho, ajudando o Fantástico
a avançar. Meu contato com editores e outros pesquisadores do mercado editorial
também aponta a necessidade de se evitar grandes projetos. Não escreva pensando
em uma trilogia. Comece com uma obra fechada e, se tudo correr bem, avance.
Aproveite as oportunidades de coletâneas de contos e, gradualmente, faça seu
nome atraindo a atenção de uma base de leitores fieis com seus feedbacks. Com uma base boa, por que não partir para uma
campanha de financiamento? Essas plataformas são uma vantagem no sentido das
tiragens já saírem vendidas. E evite tretas. Isso não leva a nada e faz você
ter uma imagem ruim.
Mais uma perguntinha só para alegrar mais os fãs:
11 – De todos os vídeos que fez, poderia selecionar os seus 5 melhores?
11 – De todos os vídeos que fez, poderia selecionar os seus 5 melhores?
Alexander - Olha Adriano, se você me permite,
o canal trabalha muito com séries e quadros, então como fica difícil apontar
vídeos específicos entre os mais de 240 vídeos eu sugiro algumas playlists de
assuntos específicos.
A série “FRANKENSTEIN 200 ANOS”, onde a obra da Mary
Shelley é analisada em todos os detalhes e influências.
O quadro “E A PALAVRA
É”, com explicações sobre conceitos chaves do Fantástico, como o que é
Pós-Horror, Horror Cósmico, Espada e Feitiçaria, Gótico X Horror, dentre vários
temas.
Outra playlist é a série “MUNDO PUNK”, com a análise de mais de vinte
mundos punk, como o Cyberpunk, Steampunk, Dieselpunk, Solarpunk, dentre outros.
Por fim, como porta de entrada ao canal, tem as séries “O QUE É FANTASIA”, “O
QUE É GÓTICO” e “O QUE É FICÇÃO CIENTÍFICA”
.
Obrigado pela entrevista Alexander
Alexander - Muito obrigado pela oportunidade e parabéns pelo trabalho na
disseminação dos Vampiros e do Terror.
Conte sempre comigo Alexander \o/
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