O Paladino das Árvores
Por Adriano Siqueira
—
Oi Fernando! Mas... que surpresa!
— Olá Ana! Eu sei que eu deveria ter avisado antes, mas
fiquei preocupado por não ir a faculdade que resolvi comprar uma pizza para
você.
Fernando estava muito feliz. A Ana
era a sua paixão, tinha muito carinho por ela, era atencioso e sempre estava
pronto para ajudá-la. Ele sabia que cedo ou tarde iria se declarar, queria
muito namorar com ela. Era morena de cabelos escuros, tinha 23 anos, olhos
verdes, alta e tinha um sorriso encantador.
Ana dá um pequeno sorriso e pega a
pizza. A porta do seu apartamento abre mais o namorado dela aparece perguntando
quem era.
Ela olha para o namorado, sorri e
explica:
— Olha que anjo. O Fernando, meu amigo da faculdade,
trouxe uma pizza pra gente!
— Que ótimo! Estava mesmo com fome.
Ele pega a pizza e leva para
dentro. Fernando ainda estava em choque, não sabia o que dizer. Ana olha pra
ele e diz:
— Quer entrar? Estamos assistindo um filme.
— Obrigado Ana. Eu só estava passando mesmo e estou muito
atrasado, alias o pessoal já deve estar preocupado.
Fernando beija o rosto da Ana e
sai correndo, nem espera o elevador, vai pelas escadas da saída de emergência.
Ana levantou as sobrancelhas impressionada com a sua pressa e entrou.
Ele andava pela Alameda Santos.
Achava mais silencioso do que andar na Avenida Paulista, Estava perto da ponte
do parque Cerqueira Campos. que pegava os dois quarteirões. Havia muitos galhos
secos no chão e era um local não muito iluminado.
Aquela noite não estava sendo uma
das melhores. Ela nunca havia falado que tinha um namorado.
Ficou caminhando lentamente até
que viu uma mulher do outro lado da rua. Era loira, usava roupas escuras e
segurava uma bolsa.
Era muito linda. Certamente ela
não deveria andar sozinha, mulheres assim chamam muito a atenção. Seria
agradável levá-la para uma festa e esquecer um pouco os problemas que estava
passando.
De repente uma moto em alta
velocidade passa pela rua e toma a bolsa da mulher.
— Sai da frente!
O motoqueiro corria pela Alameda
Santos segurando uma bolsa com a mão esquerda. A mulher começou a gritar. Como
havia muitos carros na esquina o motoqueiro decidiu voltar contra a mão e
acelerou como pode. Esta era uma chance que Fernando não teria novamente. Pegou
alguns galhos e jogou no motoqueiro. Alguns ganhos que estavam mais verdes
acabaram enroscando no pneu da moto fazendo-o cair.
A mulher pega a bolsa e o homem
caído, mas ele estava com muita raiva. Ele pega a arma e atira mas o seu alvo
não era a mulher, mas, sim, Fernando que é atingindo o ombro.
O motoqueiro pega a moto e tenta
fugir. Fernando, fica caído vendo ele fugir, mas quando passa por uma árvore,
uma mão agarra a blusa do homem e o levanta da moto caindo em seguida. Fernando
se arrasta até chegar perto de uma árvore para esperar uma ambulância. A mulher
olha para ele enquanto pede ajuda pelo celular. Ele estava perdendo os sentidos
quando um braço sai de dentro da árvore e o puxa para dentro.
Algumas horas depois, uma mulher
loira estava rodeada de repórteres na sala de espera do hospital. Disse que seu
nome era Renata e que ele a salvou. Porém, a história que ela iria contar
poucos acreditariam.
— Eu vi um índio saindo da árvore e carregando o rapaz
para dentro. Disse que o levaria para o Hospital das Clinicas , peguei um táxi
e cheguei agora.
O enfermeiro disse que o rapaz foi
colocado na porta do hospital dizendo que ele foi atingido por uma bala.
Depois, correu até uma árvore e sumiu.
Fernando acorda e vê alguns
policiais e um médico esperando no quarto.
— Pode me dizer o que realmente aconteceu? Está cheio de
repórteres por aqui.
— Tentei parar um assaltante e fui atingido! É só isso
que eu lembro.
— Lembra de ter entrado em uma árvore? Lembra do índio?
Lembra como chegou aqui?
— Lembro de uma mulher loira, e algumas luzes verdes... É
só!
A notícia sobre o índio aparece em
todos os jornais diários e na TV. Muitas testemunhas começaram a aparecer. Cada
um contava um caso em que já viu o índio que aparecia nas árvores. Uma mulher
disse que um homem a arrastou para dentro de um parque em Taubaté levou para uma
árvore e fez com que ela ficasse de joelhos, um braço saiu da árvore agarrando
o pescoço dele até deixá-lo sem sentidos. A mulher correu e nunca contou para
ninguém até ouvir a noticia sobre o índio da árvore.
A lenda tomou uma proporção
enorme. Havia comunidades da internet de que tínhamos um super herói e que São
Paulo estava protegida. A autoridades já diziam que aqui não era lugar de
justiceiros e que ele deveria se apresentar para a polícia ou seria preso.
Baseado nas testemunhas, o índio
tinha no braço, algumas penas amarradas com um cipó. Muitos começaram a usar
este símbolo no braço. Começaram os encontros para falar sobre as histórias
deste índio e sobre seus feitos. Todas as árvores de São Paulo tinham flores
colocadas em sua volta e muitas cartas de pedidos de ajuda.
Renata estava em frente a árvore
onde viu o índio. Chegou bem perto e disse:
— Obrigada por nos salvar naquela noite.
Quando ela virou as costas para ir
embora escutou um barulho. Se virou e viu um homem moreno, sem camisa, usando apenas
um jeans e sem sapatos. Seu cabelo era escuro e cumprido com um pano branco
amarrado em sua cabeça e tinha nos braços algumas penas de aves estavam
amarrados com um cipó.
Ela sorriu e comentou.
— Índios usam Jeans?
— Bom... - Disse ele olhando para a calça. Eu gosto!
Pegou na mão da Renata e falou:
— Acho que tem muitas perguntas.
Ela respirou fundo olhando para o
seu peito e respondeu:
— E eu seria a mulher mais feliz do mundo se todas as
suas respostas fossem “sim”!
— Bom... Quando eu sou o paladino noturno uso o nome
Krainê. Eu sou o último descendente da tribo krainá que existia muito antes de
tudo isso que você conhece como São Paulo.
— Eu me chamo Renata, mas me diga, você mora dentro da
árvore?
— Não! Eu moro em uma casa comum como todo mundo.
Trabalho e estudo, falo cinco línguas.
— Tem e-mail?
— Claro que tenho. Mas prefiro não relacionar isso com o
que faço à noite.
— Um herói?
— Talvez... um paladino.
Ela olha para a árvore e a toca.
— Imagino que queira saber como eu entro ai.
— Sim! Isso realmente é curioso. Não existe uma porta.
Como faz?
— Por quê não vem comigo?
Renata fica ansiosa. Ele segura a
sua mão e diz:
— Apenas respire fundo, feche os olhos e deixe o seu
corpo cair na direção da arvore. Não se preocupe. Eu estou segurando a sua mão.
Ela faz o que ele pede e ao cair
ela abre os olhos e fica em pânico. O chão havia sumido. Não tinha onde segurar
estava sem equilíbrio. O índio pega o seu rosto e a encara.
— Olhe pra mim. Relaxe você não
vai cair. Esta flutuando. Os gases aqui dentro tem este efeito. Por isso não
tem chão. É como se estivesse nadando.
Ela agarra Krainê com força.
— Veja as raízes das árvores são interligadas. Aqui você
pode segui-las até encontrar as que estão subindo. Cada jogo de raiz que sobre
é de uma arvore.
— Está muito calor aqui!
— São os gases. Temos oxigênio apenas neste nível. Se
descermos mais o ar fica quente demais e se torna impossível respirar. O nosso
corpo flutua bem e dá para usar algumas raízes como se fosse um trampolim para
ir mais rápido.
— Mas então não é algo espiritual. O meu corpo realmente
está aqui.
— É o caminho das árvores é real, mas só é aberto para
quem tem o segredo deste portal. Eu herdei isso da minha família. As luzes
verdes que você vê provem dos gases, por isso tudo aqui é iluminado mas não
recomendo viagens de dia, pois fica muito quente e inviável para qualquer
humano.
Ele se olham por algum momento e
ele sorri. Ficam abraçados rodopiando vagarosamente e começam a subir em
direção de uma árvore. Ela ouve algumas vozes e pergunta de onde vem.
-
Das raízes! - Ele responde. Não é melhor do que um
celular, mas dá escutar o que está acontecendo quando falam perto de uma
árvore.
-
Você me escutou?
— Sim! Eu escuto tudo aqui! Estamos terminando a nossa
aventura.
Ela coloca as mãos no rosto dele,
fecha os olhos e lhe dá um longo e demorado beijo.
Quando ela abre os olhos os seus
pés tocam na terra e ela reconhece o local.
— Aqui é o Parque da Luz. Nossa! Eu adorei!
— Agora tenho que ir.
— Quando... Onde... ?
— É só me chamar. Eu escuto bem.
As notícias não paravam. Renata
estava em todos os jornais. Todo mundo queria saber mais sobre a sua aventura
na noite passada.
Fernando assistia todos os
programas em que ela aparecia. Comprava todos os jornais. Lia tudo sobre o
acontecido. Até que ele bateu na mesa e praguejou:
— Maldito índio! Pegou o telefone e ligou para a polícia.
Krainê estava atento escutando as
vozes tentando filtrar quais eram suspeitas, quais havia perigo. Ouviu uma voz
direcionada a ele... Agora todos sabiam do seu nome. Renata contou para o
publico mas, a voz que ele ouviu falava sobre a Renata. Que ela estava correndo
perigo. Ele corre na direção de uma árvore que era perto da praça Oswaldo Cruz.
Quando apareceu viu o Fernando. Ele estava com muitos policiais armados.
— Não se mova! A polícia dizia.
Krainê era rápido e saltou para
entrar na árvore mas quando encostou apertaram um botão e a árvore ficou
eletrificada fazendo com que ele recebesse um choque e fosse atirado ao chão
sem sentidos.
A polícia carregou até o carro e o
levaram. Fernando sorria orgulhoso. Com ele fora do caminho certamente ele
conquistaria Renata. Afinal foi ele que a salvou. Recebeu um tiro por ela. Era
mais que merecido.
Renata estava em casa assistindo a
TV quando viu no noticiário que a policia capturou o índio e que ele seria
preso até revelar tudo que sabe. Era suspeito de roubo. Ela sabia que a polícia
iria inventar uma mentira para a população para que eles pudessem ficar com
Krainê preso até descobrirem todo o seu segredo. Um segredo perigoso pois se
caíssem em mãos erradas os assaltantes e assassinos poderiam viajar para
qualquer parte da cidade. Talvez a policia usaria tortura até ele falar. Ela
tinha que fazer alguma coisa.
A campainha tocou e ela foi ver
que era... Fernando.
— Fernando você precisa me ajudar a policia pegou o
índio!
— Calma Renata! Está tudo bem. Eles só querem protegê-lo.
Eu trouxe umas flores. Podemos ir jantar juntos hoje.
— Olha Fernando eu não posso preciso ver como ele está.
— Trancado e isolado! Você acha que vai poder vê-lo?
Neste momento acho que só mesmo o presidente pode visitá-lo!
— Mas eles estão falando que ele é um ladrão.
— É claro! Tem ideia de quanto as pessoas estão
idolatrando o índio? Tem ideia do quanto ele pode modificar nossa vida? E os
transportes? Os carros não serão mais usados. Todo mundo vai viajar pelas árvores.
Não haverá transporte público. Nem fábricas de carros nem empregos e a economia
do país vai se transformar em um caos absoluto.
— Do que você está falando?
— O poder que ele tem é nocivo Renata! Nocivo para o
transporte. Para o país!
Ela olha para a TV e vê o Fernando
dando uma entrevista... e ela ouve:
— Foi fácil capturá-lo! Eu faria
tudo para ajudar a pegar este ladrão!
— Seu cretino! - Renata empurrou
Fernando e ele a agarrou pelo braço.
— Ele roubou você de mim também! Fui eu que a salvei naquela
noite!
— Ele ajuda todo mundo! Você não tinha este direito! Ele
salvou você!
Renata sai correndo. Deixando o
Fernando sozinho pensando nas suas palavras.
Ela vai até a árvore onde o
encontrou.
— Krainê! Me escuta!
Ela sabia que ele estava preso mas
tinha que tentar. Tinha que fazer alguma coisa.
Quando ela toca na árvore um braço
aparece e a puxa para dentro. Era Krainê. Estava com uma corrente na perna.
— Eles estão fazendo testes comigo. Logo vão me arrastar.
Tenho um plano.
Quando os policiais começam a
puxar o índio Renata aparece e pula em um dos homens e enquanto eles ficam
surpresos Krainê aparece em uma outra árvore que estava atrás deles e usa a
corrente para puxá-los para dentro da árvore.
Renata se aproxima da árvore e
enquanto isso vários policiais estavam indo para o local. Ela gritava por seu
nome.
— Fique parado ai mesmo moça!
Ela se vira e os policiais apontam
as armas. Até que ela é puxada para dentro da arvore.
— Por quê demorou tanto?
— Eu não sabia qual deles estavam com a chave e tive que
revistar todos.
— Onde eles estão?
— Eu coloquei cada um em um parque diferente da cidade.
— O que vai fazer agora?
— Vou ter que desaparecer por algum tempo.
— Para onde vamos?
— Quer ir comigo?
— Claro! Acha que eu iria deixar você ir embora sozinho?
— Bem! Eu sempre quis conhecer alguns índios da Amazônia.
Acho que eles gostariam de conhecer alguns truques!
Eles se beijam e voam para uma
árvore distante.
5 comentários:
Adoro contos passados na nossa cidade linda!!!! Adorei! Parabens!!!
Não estou conseguindo colocar a minha ideia no comentário :(
só posso dar-lhe os parabéns pelo belíssimo conto ;)
Cara, muito original a ideia de um super-herói índio, brasileiro vivendo na cidade, parabéns.
No entanto, não dá para deixar de notar:
1. Seu texto está cheio de erros de digitação;
2. Seu texto está cheio de erros de gramática;
3. Você escreve como se estivesse falando. O discurso narrativo precisa ter uma forma mais coesa;
4. Há elementos dissociados da história: falta alguma progressão lógica;
Desculpe o detlalhismo, mas espero ajudar pois quero siunceramente que esta crítica seja construtiva =).
Felipe.
Parabéns , conto muito legal, eu lhe adicionei no Facebook, gostaria muito de falar com você pois gostaria de publicar alguns contos de vampiro aqui no seu blog ^^
estoria interessante! é por isso que o autor ainda esta por ai com sucesso. um heroi indigina, um poder diferente de qualquer outro supe-heroi. bem criativo!
contos e historias- romildo-lima.blogspot.com
Romildo lima
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