quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Lord Dri e Dark Rose - por Nilka Costa

Esta é uma história produzida pela escritora Nilka como homenagem aos personagens do Castelo do Lord Dri.
Agradeço a Nilka por sua colaboração e carinho aos personagens e pelo seu tempo dedicado para a criação desta história que pode ser considerada como um dos capítulos finais de um outro ponto de vista.
Abraços Adriano Siqueira
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Lord Dri e Dark Rose
por Nlka Costa nilkacosta@bol.com.br
Lord Dri e Dark Rose dormem após uma doce entrega. De repente o quarto é invadido por música de piano. Lord conhece bem a melodia como também quem a toca. Levanta-se sem acordar sua companheira e se dirige resoluto a sala de recitais. Ao adentrá-la o pianista já não se encontra diante do instrumento. A sala aparenta estar vazia, mesmo assim a sinfonia persiste.
- Velhos hábitos nunca mudam, não é cara minha! – afirmou Lord Dri – Eu já havia sentido sua presença, mas pensei que você não surgiria em razão d’eu estar acompanhado...
Mal ditas às palavras e se inicia o ataque. Lord Dri é agarrado pelo pescoço e ambos, algoz e vítima ficam a metro e meio do chão. Ele sendo esganado. Ela sorrindo. Sim, o inimigo é uma mulher.
Ela inicia, com toda sua fúria, um balé nos ares da sala tentando liquidar seu oponente. Ele não apresenta reação alguma, olha para ela com carinho e ternura, deixando-a ainda mais furiosa.
De repente a mulher é golpeada. É Dark tentando proteger Lord.
- Não Dark! Não a ataque! – grita em vão Lord.
A mulher desvia sua atenção de Lord e ataca Dark. Com um rufo de força ela arremessa Dark para o outro lado e a dependura contra a parede, usando esta mesma força para esmagá-la gradativamente. Dark Rose sente que algo a está macerando, algo invisível. É como se a gravidade ao redor do seu corpo estivesse sendo retirada. Ela não consegue respirar.
- Nilak, pare! – ordena Lord Dri – Nilak, eu te ordeno, cesse o ataque! Agora!
Ela apenas sorri para Lord. Nilak os tem presos, bem presos. Nilak olha a nova vampira agonizando. Esta já tinha golfado um pouco de sangue.
- Você sabe que eu posso me desvencilhar do seu ataque, mas ela... Ela não, por favor, querida, ela não! Poupe-a, por mim.
- Você me conhece melhor do que ninguém, querido. Você sabe que eu não faria mal a ela – responde Nilak desanimada, soltando Dark, repousando-a placidamente ao chão. E como uma centelha elétrica retorna ao piano, deixando Lord, continuando a dedilhar as teclas como se nunca tivera saído dali.
- Este, digamos, ataque, não é um terço do que eles serão capazes de fazer com ela, e você sabe muito bem disso, Dri.
- É por isso que preciso de você, minha amiga. Ou melhor, precisamos... – diz em quase sussurro se aproximando de Nilak.
Nilak fecha o piano, se dirige até Dark. Esta recua temerosa. Nilak a suspende de um golpe só e a põe de pé. Ajeita suas vestes, os cabelos, limpa o sangue de seu queixo com os próprios cabelos. Faz menção de se curvar qual uma reverência a majestade, todavia não se inclina. Voltando-se para Lord sentencia:
- Desta vez não! Não conte comigo! Eu não aceito mais esta incumbência. Se você transformou esta daí, agora a responsabilidade é sua. Treine-a você!
- Não me deixe Nilak! Você sabe que eu posso obrigá-la, mas não farei isso em razão dos meus sentimentos por você. Por favor, você é a única que pode!
- Não, eu não farei. Quanto a ser apta, você é muito mais forte do que eu poderia ensiná-la a se defender ao invés de torná-la uma Cortesã.
- Nilak, minha Nilak, sempre rígida em seus conceitos. Você precisa aprender a ser mais maleável.
- Novamente com este discurso enfadonho?
- Se te irrita tanto os meus ensinamentos as minhas pupilas, por que não aceita ser a mais honrada delas? Por que não aceita a minha oferta e deixa de ser uma, uma...
- Serva? Cativa? Acho melhor mudarmos de assunto, pois sua garotinha está com muitas dúvidas tortuosas na cabeça – diz indicando Dark no canto, olhando-os com cara de descontentamento.
Lord Dri sorri para amante e se dirige a ela. Sussurra algo doce em seu ouvido que irrita Nilak profundamente, enlaça seu corpo com volúpia e a beija para que ela não proteste. Ambos saem para o quarto. Lord carrega Dark nos braços embalando-a como se fosse uma criança terna.
- Lord, eu não posso deixá-lo com aquela mulher, não depois do que eu vi.
- Não se preocupe doce Dark, eu não sofrerei ataque algum. Nilak é uma velha amiga. Ela está aqui para nos ajudar. Lembra-se dos perigos, dos riscos que você passou a correr quando se tornou uma de minha espécie? Ela é de suma importância para sua defesa, vai treiná-la...
- Eu não quero ser treinada por ela. Ela mesma disse que você é muito mais forte – interrompe-o irritada.
- É diferente! Eu não posso lhe dizer o porquê, ainda não é o momento, porem você precisa confiar em mim. Agora deite e durma, em breve estarei com você. – interrompe Lord depositando o agradável fardo no leito protetor – Você acabou de nascer para a Noite e precisa de mais repouso agora – responde sentenciando a conversa ao fim.
Carinhosamente Lord se despede e fecha a urna de Dark, não sem algumas manhas de revolta de sua parceira, que Lord silencia com beijinhos, carícias e seu olhar. Na verdade, Dark não sabia, mas é dominada pelo olhar de sue amante, pois Lord tem uma longa tarefa pela frente... Tornar aliada sua ressequida amiga.
Após colocar Dark para dormir retorna rapidamente para a sala de recitais. Lá, Nilak saboreia de maneira excitante seu Narguile, recostada na namoradeira escarlate.
- Você está cada vez mais bela, cara minha – galanteou Lord sentando-se ao lado de Nilak.
- E você sempre cortejador, my Lord. Sei que minha entrada foi um tanto intempestiva, mas eu tinha que mostrar o grande erro que você cometeu.
- Não cabe a você dizer isso a mim.
- Vai evocar o Código Servil, my Lord? Perdoe minha insolência, entretanto confesso que não consigo mais vê-las morrer. Causa-me muita dor vê-las exterminadas.
- Você acha que eu não sinto também? Você estava lá comigo tentando salvar... – pára com a voz embargada.
- A humana, não é?! Eu ainda ouço os gritos dela – contesta Nilak com dentes cerrados de ódio.
- Como também os beijos... Não é?
Nilak levanta-se de um salto. Lembrar da humana a deixa transtornada. Ela caminha de um lado para o outro qual animal feroz enjaulado.
- Não vim aqui para falar dela. Vim porque não pára de me invocar desde que conheceu esta aí. Cá estou em que posso ajudá-lo?
- Você sabe, treine Dark Rose.
- Eu já disse não! Treine você! Enfoque suas forças em ensiná-la a se defender ao invés de perder tempo acasalando!
- Não fale assim comigo! – ordena Lord Dri.
Nilak se detém diante de Lord Dri. Olha-o aguçadamente e curva-se fazendo-lhe reverência.
- Perdão my Lord, eu te imploro, não me force a esta incumbência esta tarefa será o meu fim, eu imploro – suplica a defensora com voz embargada.
Lord Dri penalizado ajoelha-se com ela e ergue carinhosamente seu rosto. Que sensação maravilhosa, ter o toque de um ser tão sublime quanto Lord Dri. A respiração de Nilak torna-se convulsa. Seu peito parece querer arrebentar de tanto inspirar e expirar. Eles estão frente a frente e cada vez mais próximos, quando Nilak capta os sonhos desejosos de Dark Rose em seu leito e levanta-se abruptamente.
- Você é igual aos demais, seja humano ou vampiro, sempre os mesmos instintos primitivos. Vai trair a sua Rosa Negra? Por acaso quer me ensinar a arte do amor de um vampiro? – fala desdenhosamente.
- Acho que não lhe seria ruim, minha cara. Assim você poderia externar seu lado fresco, cálido como a água pura...
- Mas como my Lord mesmo disse, sou qual água, pois sei ser doce e refrescante como uma fonte fecunda, mas não se esqueça das violentas cheias e enchentes que causam devastação por onde passam.
- Este humor acre de Maria! Nunca me esqueço dela. Como você se parece com ela. Mais uma característica passada as gerações além do pessimismo e da solidão.
- Já está para amanhecer, my Lord. Aconselho-o a se retirar.
- Eu vou depois que você aceitar minha tarefa.
- Então acho que vou vê-lo virar pó. Foi um prazer conhecê-lo Dri.
- Sem piadas Nilak, o que me diz?
- Minha resposta é a mesma. Por esta noite vocês estão protegidos. Olhei os arredores antes de entrar e cuidei para que nada adentre sem que eu saiba.
- Por acaso vou ter que solicitar a Maleus que intervenha nesta nossa “negociação”?
- Não perca seu tempo, my Lord. Maleus também está “treinando” uma pupila.
- Verdade? Uma nova humana especial?
- Esta não é como a sua. Não que ela não será dispensada da mesma maneira trágica. Maleus reencontrou o Cordeiro.
Lord Dri nada diz. Ele sabe o que isso significa e que não pode contar com o amigo por um bom tempo. Assim ele tem duas opções: procurar ajuda de outra Serva ou obrigar Nilak a obedecer sem que ela note esta coerção, pois ser rígido pode custar membros valiosos do corpo de Dark durante as aulas. Mas ele pensará nisso outra hora. Ambos se dirigem ao quarto. Lord se deita junto de Dark, que se aninha em seu corpo. Nilak de um salto se posta no patamar da janela e assim inicia sua vigília.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Lord Dri, o eterno Vampiro



Olá Pessoal,

Lord Dri é meu apelido mas também é personagem de muitos contos que escrevi.
Segue abaixo uma cronologia sobre as histórias deste personagem.


Lord Dri é um personagem que foi criado em 1996

A primeira fase do Lord Dri foi na era medieval e lutava junto com uma bruxa chamada Shyenne. segue o link de uma dessas histórias abaixo:

A magia e a escuridão, a história de um vampiro e uma bruxa
http://contosdevampiroseterror.blogspot.com.br/2014/06/a-magia-e-escuridao-historia-de-um.html 

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Houve a versão criada 2005 pela Autora Rita Maria Félix da Silva, que trouxe o personagem para os dias de hoje mas não como um vampiro e sim como um mago.
http://ritamariafelixdasilva.blogspot.com.br/2006/04/lorde-dri.html


Na versão a autora Hellena Vieira onde foram produzidas 4 histórias em 2005/2006 , a autora retomou seu lado vampiro para o Lord Dri..
http://contosdevampiroseterror.blogspot.com.br/2008/09/ltima-valsa-por-hellena-vieira.html

Existem também historias sobre o Lord Dri ainda na era medieval genero adulto, produzido em 2008, no blog 4 elementos http://os-quatro-elementos.blogspot.com/ Na novela “A Lâmina de Malani” com a participação dos autores Adriano Siqueira e Malina Avbrutt. segue abaixo os links:
A Lâmina de Malani parte 01- Por Adriano Siqueira
http://os-quatro-elementos.blogspot.com/2008/08/lmina-de-malani-parte-2.html
A Lâmina de Malani parte 03- Por Adriano Siqueira
http://os-quatro-elementos.blogspot.com/2008/08/lmina-de-malani-parte-4-por-malina.html

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Existe a versão oficial do Lord Dri que escrevi para os dias de hoje que está no livro “Amor Vampiro (2008)” e se chama “O Dia dos Vampiros”

A história "Dia dos Vampiros" mostra como o Lord Dri vem para os dias de hoje.
http://contosdevampiroseterror.blogspot.com.br/2014/08/um-conto-para-o-dia-dos-vampiros.html

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Logo que está história foi produzida. Teve uma saga com teor erótico onde o Lord Dri procurava um castelo para morar e ao perder o castelo que ele queria comprar em um leilão por uma vampira, ela o desafiou a ficar no castelo por algum tempo recebendo várias visitas misteriosas.
A história se chama O Castelo de Lord Dri. (que não está neste blog por ser muito erótico)

A Sequência desta saga acima se chamou "A procura da vampira Dark Rose"
segue os link abaixo.
http://contosdevampiroseterror.blogspot.com.br/2008/11/procura-da-vampira-dark-rose-parte-1.html
http://contosdevampiroseterror.blogspot.com.br/2008/12/procura-da-vampira-dark-rose-parte-2.html
http://contosdevampiroseterror.blogspot.com.br/2008/12/procura-de-dark-rose-parte-3-por.html

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Logo em seguida foi lançado o e-book "A Deusa dos Vampiros" que é a sequência destas histórias e pode ser lido separadamente e pode ser adquirido gratuitamente neste link:

http://www.overmundo.com.br/banco/a-deusa-dos-vampiros-por-adriano-siqueira

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Nilka Costa escreveu uma sequência sobre a história de Dark Rose e Lord Dri e pode ser lido neste link:
http://contosdevampiroseterror.blogspot.com.br/2008/09/lord-dri-e-dark-rose-por-nilka-costa.html

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Eu sua longa jornada o Personagem Lord Dri participou de uma história fantástica que escrevi junto com a Stefany Albuquerque e foi escrito em 2012
O e-book pode ser adquirido neste link gratuitamente:

http://www.overmundo.com.br/banco/uma-vampira-na-cidade


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Eu agradeço o sucesso do personagem Lord Dri e espero que ele continue sempre em destaque como um dos grandes personagens de vampiros no Brasil.

Agradeço muito por todo este carinho com o personagem.

Abraços mortais
Adriano Siqueira


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Apreciem abaixo as histórias do Lord Dri na versão das autoras Rita Maria Felix da Silva e Hellena Vieira




LORDE DRI
Por Rita Maria Felix da Silva
rmfs_2003@yahoo.com.br

"(...) Ele havia escolhido um nome humano, como convinha à situação, mas ainda chamava a si mesmo de Lorde Dri, na verdade um título, que o conectava a uma linhagem de milênios.
Há um século, fora um vampiro de elevada estirpe, cujos inúmeros feitos tornaram-no orgulho de seu povo. Embora amasse a espécie a qual pertencia, o destino o fez encontrar uma humana a quem ele entregou seu coração imortal. Todavia, sua felicidade foi breve, como compete aos vampiros, pois os ardis dos inimigos logo vieram para tomar a vida daquela a quem Lorde Dri tanto amou. Mesmo assim, ele já havia se afeiçoado por demais aos humanos.
Lorde Dri sabia que, em épocas primervas, vampiros e humanos compartilharam uma origem comum e conviviam em paz, quando o sangue das feras ainda era o suficiente e os homens e mulheres desse mundo eram mais do que caça e alimento. Cem anos atrás, ele preocupou-se ao
antevir a crescente intenção belicista de algumas facções vampíricas, o que iria levar a uma guerra direta contra a humanidade, um conflito ao qual nenhum dos lados sobreviveria. Tentando evitar a extinção, fez o que sempre se julgara impossível e tornou-se humano, para mediar a relação entre as duas espécies.
Desde então, estudou magia, para adquirir os meios de prolongar sua vida — e assim prosseguir em sua tarefa, até o dia abençoado em que não fosse mais necessário — e também para defender-se da multidão de adversários que ansiava pela ruína dos povos humano e vampírico.
Sabe-se que a nova vida de Lorde Dri não foi tranqüila, como cabia a alguém de sua condição. Conta-se que ele viveu inúmeras histórias tempestuosas. Como a que conto a seguir..."
(Trecho extraído de "As Crônicas de Marind")
O prédio era antigo e situava-se num ponto afastado do centro de São Paulo. A arquitetura pareceria gótica, com linhas que se esticavam desejosas de tocar os céus. Estátuas de gárgulas e anjos adornavam as escurecidas paredes externas. Todos os andares estavam vazios, exceto a cobertura, onde se podia encontrar o único habitante do edifício: Lorde Dri. Solidão e isolamento, diriam alguns, ele chamava apenas de privacidade.
O apartamento era espaçoso. Estantes cheias de livros antigos num dos cantos. Decoração com móveis de antiquário. Relíquias preciosas e incomuns aqui e ali. Um gato de pêlo acinzentado descansando indolentemente debaixo de uma poltrona. Um computador na escrivaninha.
Ao lado, uma xícara de café. Na tela as primeiras linhas de um novo conto. Sobre o mousepad, anotações num bloco de papel, a respeito de mudanças no site.
Em outro cômodo, um grande e antigo relógio acabara de soar sete horas. Lorde Dri havia aberto as portas de vidro que davam para a varanda. Ficou lá fora, sob a luz de uma lua suave e minguante, meditando sobre a profundidade da noite, absorvendo suas fragrâncias e, com uma mente aguda, escutando as tentações e possibilidades da escuridão. Por um momento, lembrou do que era a data de hoje, sorriu levemente, mas logo preferiu ignorar essa informação, afinal, para uma criatura como ele, algo assim não deveria importar.
Ainda estava divagando, quando sentiu uma leve perturbação na delicada teia de magia que sustenta a realidade. O gato cinzento miou melancolicamente e fugiu apressado. O mago virou-se. Rapidamente, murmurou dois encantos formados por monossílabos de um dialeto lemuriano. Um invisível círculo místico de proteção formou-se ao redor dele. O feiticeiro estirou o braço direito e de sua mão partiu uma esfera de energia azulada que derrubou uma forma estranha no canto da
sala.
Ainda com o círculo de proteção ativado, aproximou-se do ser humanóide — pele avermelhada; sem cabelos ou pêlos; olhos amarelos, oblíquos e desprovidos de pupila; vestido em trapos feito de coro grosseiro — caído sobre um tapete árabe do século X, enquanto a energia azulada crepitava em torno daquele corpo.
— Paz e piedade, grandioso Lorde Dri! — implorou a criatura — Oh, remova o feitiço, remova!
— Slifgor, — reconheceu ele e olhou com desprezo e irritação para a criatura, um demônio menor, porém insistente, que teimava em desafiá-lo — você invadiu minha casa certamente com intenções hostis.
Eu estaria em meu direito se o destruí-se.
— Não, milorde! Vim avisá-lo como um amigo.
— Você nem sabe o que essa palavra significa — riu Dri.
— Grandes mudanças no Plano Inferior, senhor. — grunhiu o demônio — Todo um novo Status Quo e a situação ficou perigosa para criaturas como eu. Preciso de aliados no mundo mortal. Trouxe informações valiosas, em troca de uma aliança.
Se as atitudes de Slifgor não fossem também risíveis, Lorde Dri não teria paciência com ele durante todos esses anos, por isso permitiu que continuasse.
— Muito bem, diga o que quer, mas saiba que não tenho interesse em me aliar com alguém incapaz de dizer uma única verdade.
— Mestre Dri! — grunhiu a criatura — a verdade arde, é veneno que dói e queima, mas posso ser sincero quando isso me é útil. Há uma conspiração contra você.
— E em que época não houve? — ironizou.
— Não, dessa vez diferente! — disse o demônio — Seus mais queridos amigos.... São eles que agora tramam sua queda.
— Imbecil mentiroso! – irou-se o mago – Agradeça por que vou apenas enviá-lo de volta para casa, ao invés de fragmentar seu espírito. Como eu deveria fazer....
Em seguida, ergueu a mão esquerda para gesticular, porém, Slifgor emitiu um grito tão desesperado que o fez paralisar de espanto.
— Não, Senhor Dri, orgulho da espécie humana e vampírica! Escute antes que seja tarde! Escute com seu espírito!
— Não, Nem mesmo em uma eternidade meus amigos tramariam contra mim.
— Há! — zombou o demônio — pois a eternidade chegou! Reconheça que eles, que sempre foram aliados de grande valor, poderiam ser muito perigosos se assim o desejassem.
— E por que fariam isso? — questionou Lorde Dri.
— Você é uma criatura incomum e seu potencial incomoda a mais seres do que imagina. Durante anos, aqueles a quem chama de amigos temeram e hesitaram agir contra seu destino, mas é tempo de grandes mudanças por toda a parte e a relutância terminou. Convidaram-no para uma reunião inexplicável ainda esta noite, não foi? A conspiração age hoje e Lorde Dri não sobreviverá a ela. Escute minhas palavras e pergunte a seu coração.
A acusação encheu de ira o mago, todavia, por algum motivo que ele não saberia explicar, uma parte de seu coração escutou as palavras de Slifgor.
— Muito bem, demônio, — disse Lorde Dri por fim, enquanto dissipava o encantamento que continha aquela criatura — parta daqui e mantenha-se afastado até que o convide a voltar... Eu ponderarei sobre o que me disse.
— Minha espera será breve, poderoso senhor! – disse Slifgor e explodiu em gargalhadas para depois desaparecer.
Lorde Dri foi até um armário e de lá trouxe um pequeno baú, onde havia, entre outras coisas, uma esfera de prata, perfeitamente uniforme, soberbamente elaborada por mãos que jamais foram humanas.
Sentou-se numa poltrona da sala e ficou contemplando aquele objeto, que lhe fora dado como agradecimento três décadas atrás, durante uma de suas estranhas aventuras. Ele gostava de segurar a esfera entre as mãos, admirar sua forma perfeita. Era um modo de lidar com a tensão,
de tentar relaxar em instantes de tormenta.
Os próximos dez minutos foram gastos enquanto ele ponderava sobre o assunto e amaldiçoava a si mesmo, pois, embora houvesse divergência entre as partes de seu coração e espírito, aquelas que acreditaram nas palavras do demônio começavam a sobrepujar as outras.
Logo, guardou de volta a esfera. A reunião misteriosa seria às oito e meia. Aprontou-se como pôde, muniu-se de todos os encantos que sua prudência e o tempo escasso permitiram-lhe reunir. Trocou de roupa e ao sair prometeu a si mesmo que — o que quer que acontecesse — não
seria pego desprevenido.
Por cautela, chegou ao local um pouco antes da hora marcada. Parecia um depósito velho e abandonado, talvez um teatro falido ou algo assim.
Subiu uma escada até o primeiro andar e chegou a um grande cômodo.
Tudo estava escuro. Procurou e não pôde encontrar um interruptor.
Antes que invocasse um encantamento luminoso, seu coração gelou. Lorde Dri percebeu uma pequena anomalia nas fronteiras de sua percepção — habilmente escondida — liberando estática mística com a clara intenção de confundir seus sentidos mágicos, permitindo que um inimigo se aproximasse sem preocupação. As palavras de Slifgor começaram a castigar sua memória.
Ele lutou para superar a estática e logo começou a distinguir algo daquela escuridão. Havia muitas pessoas ali, — dez, talvez vinte — em absoluto silêncio, todas utilizando variações de encantamentos de ocultação. O mago entendeu que estava cercado, em posição desvantajosa e prestes a ser atacado.
Porém, mais do que a ameaça em si, o que o incomodou foi o que seu coração começou a lhe mostrar. Ele tentou olhar para dentro da escuridão e disse:
— Giulia... Você está aí? — e, na escuridão, ele pôde sentir um sorriso não de lábios, mas que provinha da poderosa mente da vampira a quem chamam de Tecedora de Contos Sombrios e Histórias Vorazes, Mestra de mistérios e profunda magia, que antes fora uma querida amiga — E
você, Martha? Está aqui também, não é? — e, nas trevas, o espírito da feiticeira humana que, em outros círculos, ganhou o direito de usar o título de Senhora das Artes Escritas e Mágicas, aquela que sempre fora sua confidente, não pôde esconder-se dele. — Camila, também veio? — e, no escuro, a presença da Fada das Letras e Poesia, criadora de canções de singelo e impressionante poder, a quem ele elogiara neste reino e em tantos outros, revelou-se para ele.
E, na escuridão, uma delas se virou para uma outra e disse:
— Esse cara é incrível, não é? Talvez no mundo todo só dois outros magos, além dele, conseguiriam detectar aquela anomalia que você colocou no campo místico desta sala.
E, no escuro, outra voz se ergueu:
— Vamos logo, meninas e rapazes, não nos preparamos tanto para isso à toa, não é?
E, nas trevas, alguém mais se pronunciou:
— Dri, você vai adorar! Há anos que queremos fazer isso.
A traição daqueles a quem tanto prezou machucava o espírito de Lorde Dri e, por isso, uma lágrima deslizou por sua face. No escuro, a Tecedora, a Senhora e a Fada se moveram em direção a ele e uma multidão – composta por vampiros, lobisomens, feiticeiros e feiticeiras (humanos ou não) e outros seres sobrenaturais — as acompanhavam. Lorde Dri preparou-se. Apesar de seu coração ter acabado de se partir, o momento exigia uma batalha e, se estava escrito que a noite terminaria em carnificina, ele jurou para si mesmo que muitos outros corpos tombariam antes do seu.
O mago já ia acionar seus mais poderosos feitiços, quando veio um som distante e seco, seguido de uma inesperada luminosidade. Por um fragmento de instante, ele pensou que fosse um encantamento luminoso lançado contra seus olhos, todavia uma parte de sua mente avisou que eram apenas lâmpadas que foram acesas após alguém apertar um interruptor.
A cena diante dele lhe pareceu estranha e inesperada demais:
Giulia Moon, Martha Argel, Camila Fernandes e muitos outros amigos seus, abraçavam-no e cantavam "Parabéns pra Você". Na sala, havia mesas com comida e bebida e, por toda a parte, faixas onde podia se ler inscrições como "Feliz Aniversário, Dri!". E, no rosto daquelas pessoas, ele não encontrou qualquer traição, apenas uma alegria, simples, desavisada e sincera.
De repente, Dri sentiu uma nova perturbação na Teia Mística da Realidade, e todos, excerto ele, ficaram estáticos e o próprio tempo parou. Ele não precisou que seus sentidos o alertassem, pois seus sentimentos já haviam feito isso. Ele se desvencilhou de seus amigos e voltou-se. No canto da sala, havia uma jovem. Seus cabelos eram escuros e ondulados como se tivessem sido tecidos a partir da essência da própria noite. A pele era pálida como o luar. Os olhos lembravam a tranqüilidade de estrelas distantes no céu noturno e por trás deles podia-se sentir um espírito profundo e antigo, porém cheio de desejo, paixão e intensidade. As feições e as formas pareciam terem sido esculpidas em mármore por algum hábil artista e delas escapava uma beleza que jamais poderia ter sido humana. Suas roupas eram de couro, modernas e pretas e em suas costas podia-se ver as asas que denunciavam sua condição de anjo.
— Marind. — disse Lorde Dri e olhou surpreso para a presença inesperada daquela integrante das Legiões Noturnas.
— É, seu bobo.— respondeu ela — Esperava quem? Zashiel no seu aniversário? Viu só, não havia conspiração nem nada. Era só uma festa de aniversário. Uma festa surpresa. Sãos seus amigos, nunca iriam aprontar com você..
O feiticeiro olhou para ela com atenção. Marind o amava, mas do que ele podia julgar possível. Semelhante a Dri, aquele anjo havia se aproximado demais dos humanos e foi assim que o encontrou. Eles fizeram amor, algumas vezes, e estiveram juntos, por um tempo, no entanto a memória da humana Cassiopéia ainda era forte demais no coração de Lorde Dri e, por isso, eles precisaram se afastar.
— Feitiços que mexem com o tempo são bem perigosos — disse ele.
— Sem querer ofender, eu tenho mais experiência que você — respondeu ela.
— Com certeza. Mas, como eu pude acreditar em Slifgor? — questionou Dri e a culpa começava a corroê-lo.
— Aquele é um idiota sortudo. Escavacando, em busca de comida, nas ruínas de Baral-Jadhur, uma antiga fortaleza dos demônios na borda do Inferno (ainda lembro quando destruímos aquele lugar.), ele encontrou um pergaminho com um encantamento perdido. Não tenho permissão para
dizer o efeito que aquele feitiço teria sobre alguém de minha espécie, mas Slifgor, por curiosidade, testou num humano e descobriu que servia para convencer que se estava dizendo a verdade. Funcionou até com você. Estou impressionada.
— Eu devia ter resistido. Olhe para meus amigos, tão inocentes, julguei-os mal. A verdadeira traição foi a minha — lamentou Lorde Dri, curvando a cabeça.
— Ei, como você é dramático! Não foi culpa sua. Lembra que estava sobre influência de magia? O pior é que o conheço e sei que vai passar a eternidade se recriminando. Eu vou evitar isso. É seu aniversário e tenho que te dar um presente, não é? Vou apagar e reescrever a última hora e meia que você passou. É só um pequeno intervalo de tempo. Coisa fácil de fazer. Se alguns dos Anciões grunhirem, sem problema. Eu sei lidar com eles. — ela disse e começou a se concentrar e o tempo rugiu e se contorceu sobre si mesmo — Tinha outra coisa que eu queria fazer.
Não, você também não ia lembrar disso. Deixa para depois. — acrescentou Marind.
Lorde Dri estava de pé no meio daquela sala. Uma festa de aniversário surpresa ao seu redor, uma multidão de amigos abraçando-o e cantando.
Tudo parecia bem, mas ele sentia algo errado, como se alguma coisa faltasse. Rememorou tudo o que fizera naquele dia. Lembrou que, no início da noite jantara, depois ficou diante da tela do computador, com uma xícara de café, enquanto começava a redigir um novo conto e anotava mudanças a serem feitas no site. Em seguida, foi à varanda, contemplou a noite por um tempo, depois entrou para se aprontar e vir para cá. Quando chegou foi surpreendido por esta festa. Não, nada faltava, tudo estava bem. Assim, o feiticeiro, ignorou o leve incômodo no fundo de sua mente e o assunto foi esquecido.
Giulia Moon estava abraçando-o quando disse:
— Ah, Dri, há anos que queríamos fazer algo assim. Mas você é tão avesso a comemorações. Até pus uma anomalia na Teia da Realidade, para confundir seus sentidos mágicos e te pegarmos de surpresa mesmo. Você é bom, porém, felizmente, não detectou. Parabéns, meu amigo!
— Obrigado, Tecedora de Histórias! — respondeu ele, se permitindo a sorrir.
— Sempre formal, não é? Relaxa um pouco. É teu aniversário. — comentou ela — para depois acrescentar — Nossa! Você está carregado de feitiços em modo de espera, prontinhos para serem usados. Vai para alguma guerra depois que sair daqui?
— Não, deve ser só por segurança. Acho que estou ficando paranóico.
— Como eu disse, relaxa: é teu aniversário.
— É, relaxa um pouco. — disse uma voz por trás dele.
O feiticeiro soltou Giulia e se virou. Lá estava Marind.
Ela se aproximou dele, puxou-o para si e o beijou. Ao redor, as pessoas, humanas ou não, riram e brincaram com a cena.
Quando o beijo terminou, ambos falaram em voz baixa e ativaram encantamentos para impedir que alguém pudesse escutá-los.
— Não me diz que eu não devia ter feito isso. A lembrança de Cassiopéia pode assombrar você por toda a eternidade, mas acho que um momento como esse não é nenhum pecado.
— Não é não. — disse ele e curvou a cabeça rindo meio para si mesmo.
— Ah e esse foi meu primeiro presente. Tem outro.
Como se houvesse surgido do nada, um pequeno objeto foi entregue por Marind. Lorde Dri segurou-o atenciosamente entre as mãos.
— É mesmo ele? Já não o vejo faz tempo.
— Isso, acho que você não o viu recentemente. — Marind disse enquanto ria para si mesma, de uma forma que Lorde Dri não pôde entender — Sei que essa coisa vive te incomodando. Arranjei uma pausa na guerra e cuidei para que nunca mais fizesse isso. — como se houvessem combinado, ambos desativaram os feitiços de silêncio. Ela acrescentou, falando em tom normal —Parabéns, Dri, de todos aqueles que te amam.
E todos gritaram parabéns. Lorde Dri agradeceu, colocou o objeto no bolso e foi participar da festa.
No interior daquele pequeno cubo — feito de um cristal inexistente no planeta Terra — a forma reduzida, congelada e inerte daquele que um dia fora o demônio Slifgor repousava tranquilamente.
FIM.

Nota: Dedicado a Adriano Siqueira/Lorde Dri, por seu aniversário.
O personagem Lorde Dri foi criado por Adriano Siqueira.

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Um novo brinquedo - Parte 01
Autora: Hellena Vieira
well_550566@yahoo.com.br

Mais uma noite comum, mas Lord Dri não tinha descanso afinal outra turma de vampiros medíocres queria tomar o mundo.

Por que eles não desistiam? O mundo nunca seria de incompetentes como eles.

Chegando ao local onde fora avisado que o ritual começaria ele estranhou a “hospitalidade” com que fora recebido. Nada de ataques apenas silêncio,uma canção dos povos antigos se fazia ouvir um pouco mais longe de onde estava o Lord.

Andando até o local ele pensou, por que eles escolheram justo esse lugar? Brasilia, essa cidade estava um caos agora, não se ouvia falar em outra coisa a não ser a corrupção.

Andando pelo parque da cidade ele sentia como se já tivesse ido aquele lugar era familiar.
A canção ficou mais alta, a visão de uma grande fogueira chamou a atenção de Lord Dri, chegando mais perto ele viu jovens de capuz, nenhum com cheiro imortal.

Foi então que o cheiro imortal veio forte da fogueira, que agora mostrava ser um circulo de fogo em torno de uma pedra.Lord Dri avistou os vampiros lunáticos, mas o cheiro não vinha deles, o mais velho dos vampiros falou.

--Caríssimos súditos! Temos hoje uma presença que nós dá muita honra, o famoso Lord Dri, que impediu o sucesso de nossos irmãos até agora... Aproxime-se Lord e aprecie o espetáculo.

Que espetáculo teria um circulo de fogo ao redor de uma pedra? Foi então que seus olhos custaram a acreditar no que viam, deitadas na pedra duas garotas, uma loira de pele alva que sangrava muito, a outra ele não pode ver direito por causa do fogo.

A loira começou a tremer, a outra a abraçou forte então a loira morreu. O grito que veio a seguir foi ouvido nos confins do inferno até os portões do céu. Um grito que mais parecia um uivo, abandonando a loira a outra moça ergueu vôo, algo a segurou então ela ficou pairando, centímetros acima do fogo.

Iluminada pelas chamas ela levantou o rosto e Lord Dri esfregou os olhos, parecia não crer no que via. Acima do circulo de fogo estava uma jovem de pele alva como se a própria lua a tocasse, os cabelos negros pareciam se fundir com a noite, os olhos acinzentados lhe davam um tom místico.O vestido preto fino esvoaçava enquanto ela tentava voar cada vez mais alto.O que a prendia? Perguntou-se Lord Dri, as longas asas negras dela pareciam o suficientemente fortes para agüentar o fogo, mas reluzindo nas chamas dois fios de cabelos chamaram a atenção do Lord.
Um encantamento, era isso que a prendia a pedra, fios de cabelo a prendiam pelo tornozelo. Jogando duas esferas de vidro no chão uma fumaça negra se ergue apagando as chamas que logo se acendem novamente.
--Gostou do truque Lord? As chamas estão ligadas a alma de Nari, que você pode ver deitada na pedra. Essa é a graça no sacrifício, uma irmã presa a alma da outra... Anjos Lord Dri, é isso que você está vendo, um anjo de luz e um anjo negro.A profecia de nossa libertação está quase cumprida... Quando Luara desistir de voar e cair nas chamas tudo será confirmado em minutos. A propósito, meu nome é Lucam, o senhor matou meu pai...—Enquanto Lucam falava Lord Dri pensava em como tirar Luara do circulo.—Não adianta pesar em nada Lord, afinal eu também estudei magia,não é fácil ser o órfão de um demônio nesse mundo que não respeita linhagens... Só tem um modo de salvar Luara de se juntar a irmã,um vampiro romper os fios de cabelo... Ah Desculpe, eu quase esqueci que você não quer mais ser vampiro, ok, então vamos assistir o show.—Lucam ria enquanto se sentava em outra pedra para assistir a morte de Luara.Essa começava a descer, as asas estavam chamuscada,e lágrimas de prata desciam de seus olhos.
Milhares de coisas passaram pela cabeça de Lord Dri, sua imortalidade, a morte de Luara, Marind, a crueldade de ser vampiro.
Lucam se levanta dizendo.

--Caso mude de idéia sobre ser vampiro novamente, no meio das chamas está uma esfera de sangue vampirico purificado,deve saber para que serve...

Sim ele sabia,isso o tornaria vampiro de novo,mas não era isso que ele queria, mas se não fizesse..Um grito de Luara cortou seus pensamentos, o fogo começara a queimar suas asas ela suava profusamente.

Então num impulso Lord Dri colocou as mãos nas chamas pegando a esfera vermelha. Quebrou-a em sua boca bebendo todo o liquido,quase imediatamente ele não mais sentiu as dores das queimaduras em suas mãos, então ele atravessou o fogo por completo, rompeu os fios com as unhas e deixou que Luara caísse em seus braços.

Ela era leve como pluma, Lucam sorria de seu lugar, mandou seus dois servos atrás de Dri.
Ele deitou Luara sobre a pedra e olhou os servos de Lucam, um deles se aproximou por trás, o Lord o chutou facilmente para longe, o segundo pego de surpresa foi arremessado por entre as árvores.Ele tomou Luara de novo nos braços pensando em como sair dali com ela desacordada.Os servos humanos se aproximavam ainda mais do circulo de fogo, foi então que como uma luz de esperança apareceu uma das amigas de Dri de nome Roberta.
Num tapete alado Roberta parou a centímetros do fogo dizendo.
--O que foi Dri,dia ruim? Que tal uma ajuda?
--Aceito a ajuda Ro, que bom que você chegou.—O Lord colocou Luara no tapete então subiu.
Roberta partiu a toda velocidade.

No chão os servos já recuperados de Lucam fizeram sinal para ir atrás do tapete, mas seu mestre os impede dizendo.
--Ele está sofrendo, minha missão está cumprida, logo a volta dos vampiros ao mundo será anunciada.—Lucam e seus servos somem na escuridão.
A bordo do tapete Dri pergunta.
--Rô! Como pilota essa coisa?
--Poder mental, fácil não? Sou muito boa nisso, mas quem é a garota?—Ela olha Luara que dormia profundamente no colo de Dri.
--Alguém que não deve cair nas mãos dos vampiros.
--E o que pretende fazer com ela?
--Eu não sei Ro,sinceramente não sei...
O Lord volta a ser absorvido por seus pensamentos, pela primeira vez em tantos anos ele se sentia completamente perdido novamente...

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Profecia e maldição – parte 2
Autora: Hellena Vieira
well_550566@yahoo.com.br


Lord Dri vira sua vida ficar de cabeça para baixo naqueles últimos três dias.
Acolhera Luara em seu apartamento, pensara que por ser
uma anjo negro a garota fosse exigente e até tediante.

Luara se mostrara justamente o contrário, limpava, passava, lavava, sorria e
conversava sobre diversos assunto. De certa forma isso
irritava o Lord que a muito tempo não tinha alguém que cuidasse de suas coisas.
Ela parecia não lembrar do dia em que sua irmã
morrera, preferia se dedicar a casa, as pessoas da vizinhança a adoravam, mas
ainda assim ela mostrava o perigo no olhar.

Naquele noite ele acorda mal humorado e ela fica emburrada com sua ira. Ele
gritou com ela por causas bobas, saiu batendo a porta,
olhou as ruas cheias de gente, quis voltar e pedir desculpas, quase fez isso,
mas o orgulho falou mais alto.

Andou um pouco, a chuva começou fininha, quase imperceptível mas logo
relampejava e o mundo caia em forma de água. As ruas
esvaziaram ele continuou andando, ouviu um grito vindo de um parque de diversões
aquela hora já fechado.

Foi até lá, viu um grupo de vampiros se divertirem perseguindo uma mendiga, ela
corria, parecia assustada mas o Lord de certa forma
achava aquilo uma enorme encenação.

A mulher caiu como se tivesse escorregado, um vampiro veio para cima dela.Foi
recebido por uma estaca no coração, explodiu em
chamas. A mulher levantou tirou a manta de mendiga, agora revelava o corpo
gracioso e esbelto na calça e blusa de couro vermelho
apertado. Os cabelos cacheados eram cor de cobre e agora dançavam na chuva
enquanto ela lutava e matava mais vampiros.

Ela desprendeu um chicote da roupa, apertou um botão, o chicote brilhou com uma
luz negra. Lord Dri não pode deixar de rir
comparando o chicote com os sabres de luz do Star Wars. Ela manejava a arma
muito bem, prendeu o pé de um vampiro com o chicote,
o puxou para si, o vampiro gritando de dor se agarrava, tentava se afastar da
mulher.Tudo em vão, ela enfiou uma estaca na garganta
dele com força até prendê-lo no chão.

Lord Dri entrou no parque, ela dirigiu o olhar a ele. Pulou,tentou atacá-lo, os
dois lutavam bem, ela deu um sorriso bem cínico e disse.

--Você deve ser o Lord Dri, Lucam me avisou que você talvez aparecesse. Luta
muito bem para um velho ultrapassado.

--Ultrapassado? Menina,você fala demais.

Ela tenta enfiar uma estaca na garganta dele mas tem uma surpresa quando ele
vira a estaca cravando-a no braço dela.A dor a invade
seu corpo. Nunca tinha provado a dor de suas estacas.
Ela o chuta longe, logo prende o pulso dele com o chicote. Ele sente um ardor
horrível percorrer seu corpo.

--Gostou Lord? É couro com uma leve camada de UV deve doer na pele de
vampiros...

Agüentando a dor ele puxa o chicote para si e o enrrola na cintura dela.

--Agora você sabe o quanto doi.

Ela arranha o rosto dele, ele lhe dá um tapa forte. Ela pula para longe.

Um carro chega, a janela do motorista abre e de dentro do carro Lucam fala.

--Vamos Catherine,poderá se divertir em outra ocasião.

Ela olha o Lord uma ultima vez e entra no carro, em pensamento ele diz “fique”.
Ela reponde “não posso”. O carro parte e o Dri ainda
tem a luta no pensamento quando sente algo incomodando em sua camisa.

Preso a ela um bilhete de Catherine que diz.

"Eu tenho a chave do que quer saber.
Estarei amanhã no píer até as quatro da manhã.
Adeus e boa sorte..."

Confuso Lord Dri voltou para casa. O olhar de Catherine ainda indecifrável na
mente, ele se sente afundar cada vez mais naquela nova
trama de vampiros...

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Dilema - Parte Três.
Autora: Hellena Vieira
well_550566@yahoo.com.br


O Lord voltava para casa cada vez mais confuso, primeiro Luara e agora
Catherine. Sua vida mudava a cada minuto, ele não podia
esquecer a forma de lutar de Catherine ela era impressionante. Realmente
impressionante.
Distraído em seus pensamentos ela não sentiu a fúria de Luara ao entrar e foi
atingido com força na cabeça. Ainda meio tonto ele tentou
impedir Luara mas ela se adiantara, pegara uma arma de estacas e atirando nele
prendera-o na parede.
A dor parecia corroe-lo de dentro para fora. Luara ria na sua frente dizendo.

--Então, pensou que eu era tão ingênua a ponto de deixar você me levar para
Lucam? Você é muito menos do que eu pensava Dri! Será
que a sua preciosa Catherine o impressionou tanto para não perceber uma
armadilha tão primitiva? — Ele só podia ver fúria no olhar
dela, aquela não era a Luara que ele acolhera em sua casa, parecia mais aquela
que ele vira voando acima das chamas no dia do ritual.
— Pensa que só porque sou um anjo só posso pensar coisas puras? Claro que não!
Eu tenho a vingança, o ódio dentro de mim e agora
você vai sentir todo esse ódio!

Dri, um pouco menos cego pela dor arrancou a estaca do ombro na hora em que
Luara desferia um golpe cheio de força que arrancou
metade da parede.
Dri tentou em vão segurar os finos pulsos dela, apenas levou um chute que o
jogou na cozinha. Realmente aquela não era a Luara que
conhecia.
A dor o tomou de novo, o ferimento feito pela estaca inchara e doía
terrivelmente. Luara deferiu outro golpe, cego pela dor ele a golpeou
jogando-a de volta a sala.

Começou então uma luta de golpes fortes, gritos aterradores, mordidas
sangrentas, unhadas que se pegas no lugar certo seriam fatais.

Os dois já estavam muito feridos, mas a fúria cegava ambos, queriam matar. Dri
partiu para cima de Luara, quase lhe acertando o rosto
ela o segurou, golpeou-lhe o peito, ele a puxou pela cintura, mirou seu pescoço,
precisava recuperar as forças com o sangue dela.

Chutando ela o derrubou acabou caindo junto,socos que arrasavam o chão eram
trocados pelos dois. O Lord finalmente conseguiu
imobiliza-la, segurou-a forte e cravou os dentes em seu pescoço prendendo-a na
parede. Ela ficou inerte por alguns momentos mas
então bateu a cabeça contra a dele,deixando-o zonzo por algum tempo.

Cravou as unhas nos ombros dele,o prendeu na parede, lê também cravou as unhas
nela. O sangue se espalhava por todos os cômodos
agora. Dri tentou mordê-la de novo, ela tentava afasta-lo. Suas bocas se
encontraram, beijos e caricias igualmente selvagens tomaram o
lugar das agressões.

O Lord já não sabia o que sentir, apenas não queria deixa-la partir. A lua
brilhou sobre os dois que agora se entregavam ao mar de
sentimentos que os assolava.
Adormeceram juntos,feridos e fartos do mundo.

Na noite seguinte ao acordar Lord Dri percebeu que Luara tinha ido. Sabia que
ela não voltaria.
Se arrumou e saiu correndo.Tinha perdido o encontro com Catherine, tinha que
arranjar outra forma de encontra-la!

No píer nem sinal dela mas olhando bem uma das muretas podia ser ver uma bela
caligrafia escrita em sangue.

“Hoje a meia-noite na casa de espelhos do parque de diversões...”

O Lord correu novamente eram dez para a meia-noite e o segredo de Catherine o
esperava...


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Contos do Lord Dri - Parte quatro
Carma
Autora: Hellena Vieira
well_550566@yahoo.com.br



Ela aparecia nos meus sonhos provocante.“Acorde Carlos!”.Sua voz era quase um sussurro. “Vamos cara,sei que você ainda ta vivo!”.Ela tocou meu rosto com delicadeza,beijou minha boca e disse no meu ouvido que me queria para sempre. “Droga Carlos,eu não quero ser morto por sua causa!”.
Carlos delirava enquanto seu parceiro Cássio se desesperava,o demônio estava perto ele precisava salvar a própria pele.Carlos não iria durar muito tempo mesmo,o ferimento em seu peito o mataria em breve isso se o diabo em forma de mulher que os perseguia não matasse antes.
Cássio correu deixando seu amigo sozinho,entregue a própria sorte.
Carlos abriu os olhos e se deparou os com os olhos vermelhos daquele demônio em forma de mulher.O rosto dela estava muito próximo,ele tinha medo,sabia que iria morrer.
Ela se preparou para mordê-lo,a febre quase o cegou então por minutos ele vislumbrou um anjo.Tudo escureceu.
Carlos acordou com algo queimando seu peito,seria aquilo a morte?
Sua visão melhorou e ele viu novamente o anjo.Bela e pálida como o luar,cabelos negros desenhados pela noite,olhos acinzentados que ele não compreendia.
O anjo colocava algo em seu peito e queimava.Carlos tentou se levantar mas ela o empurrou,forçando-o a continuar deitado.
Ele pode ver muito sangue,pedaços da demônio que o perseguia.Nas mãos do anjo sangue e penas,ela misturava essa infusão colocando-a sobre seu peito.
Seu corpo adormece,ele não percebe quando entra em choque.
Longe dali,num parque de diversões fechado.Lord Dri seguia andando entre os brinquedos.Seus olhos atentos procuravam a casa de espelhos sem no entanto achá-la.
Foi descobri-la meia hora depois entre o carrossel e um brinquedo que virava de cabeça para baixo.
Ele entrou sussurrando o nome de Catherine,nenhum dos espelho o refletia,grande novidade pensa continuando a andar.
Ele se distrai olhando uma marca vermelha em um dos espelhos,então é empurrado contra o espelho batendo a cabeça,Catherine aparece na sua frente dizendo.
- Buu!Nossa,ficou assustado por que?Pensou que eu ia te morder?
- Como você muda,nem parece aquela caçadora que vi outro dia... – Lord Dri a olhava sorrindo.Onde estava a séria Catherine?
No parque Luara mantém Carlos em seu colo enquanto pensa no que fazer.Então chega a terrível conclusão,terá de amaldiçoá-lo.
Aproximando a boca dele de seu pescoço,ela diz.
- Morda Carlos,acorde seu lado mais negro.Morda e viva Carlos.Morda e viva!
Carlos prontamente cravou os dentes no pescoço delicado de Luara,ela deu um pequeno gemido enquanto ele dilacerava a pele e a carne de seu pescoço.
Quando ele acabou de beber ela caiu na grama exausta.Luara doara suas forças para Carlos e agora quase não podia ver direito o rosto dele.
Foi então que ele a tomou nos braços levando seu anjo dali.Desceu as escadas de ferro que levavam ao esgoto,andou por galerias a levou a sua família.
Os ciganos alegres e receptivos pararam sua eterna festa para ver Carlos entrando com um anjo nos braços.Todos o fitaram,algumas mulheres colocaram a mão na boca e fizeram uma pequena oração aos deuses mexicanos.
O anjo reluzia mais que tudo e mesmo no escuro se podia ver seus cabelos reluzentes.Mas o que eles temiam era o sangue,Carlos bebera do sangue de um anjo,estava condenado,amaldiçoado,eternamente.Por isso as orações e o espanto.
Ele a deitou num sofá com muitas mantas onde ela poderia se recuperar.Carlos agora estava ligado aquele anjo,amaldiçoado com o dom da vida até o final dos tempos.
Longe dali no parque de diversões Catherine parecia apenas querer se divertir.O Lord nunca a sentira assim,ela sorria e brincava com ele.Lhe contava amenidades,falava sobre armas.
O Lord sentiu vontade de tê-la,uma mulher bonita assim,inteligente e que entendesse tanto do misticismo não se encontrava fácil.Ao mesmo tempo uma dor lhe invadia o peito,sentia falta de Luara,não sabia nem onde ela estava,se estava bem.
Catherine percebeu o semblante triste dele e disse.
- Eu sei que a anjinha foi embora...Lucam me falou,ele tem uma maga que o vigia Lord Dri.
O Lord acordou de seu torpor e disse.
- Impossível,eu sentiria o toque de magia sobre mim.
- Não dessa maga,ela é poderosa demais,o Lucam disse que a trouxe dos mortos especialmente para destruí-lo...Mas antes ele quer que...
Nesse momento Catherine se curvou de dor,seu estômago dava pontadas e sangue escorria de seus lábios.Uma voz em sua mente repetia.
“Já falou demais Catherine,deixe que ele descubra o resto,deixe que venha até mim,já falou demais...”
- Tenho que ir embora,já chega de conversas por hoje! – Falou Catherine levantando,o brilho vermelho voltou aos seus olhos.Ela voltou a ser triste,um raio riscou os céus e a chuva começou fina.
O Lord se levantou para impedi-la de ir mas não foi possível,nesse momento um bando de imortais apareceu.Lupinos e vampiros juntos,esse Lucam era mesmo poderoso.
Luara acordou de sua visão,seu Lord estava em perigo,aqueles imortais não eram os que ele estava acostumado a enfrentar.Ela abriu os intensos olhos azuis dizendo.
- Tenho que ir.
- Não você está muito fraca e...- Carlos tentou impedi-la mas ela colocou a unha no pescoço dele dizendo.
- Escolha,ou me deixa ir ou fica sem pescoço e eu vou assim mesmo.
Ele se afastou dizendo.
- Então vá,pode ir apenas me leve.
- Me siga... – Luara levantou e saiu em disparada.Abriu as asas e voou.
- Luara espere não posso voar! – Disse Carlos desesperado.
- Não tenha medo,me siga! – Disse Luara que já estava longe.
Carlos então deu um pulo e se concentrou em seguir Luara,uma transformação dolorida em seu corpo ocorreu.Asas furaram suas costas,mas não eram asas angelicais como as de Luara,eram feitas de membranas como as dos morcegos.As costas dele sangravam mas isso não o impediu de segui-la.
Luara voou até seu Lord.Que enfrentava algo nunca visto.
Vampiros rastejantes,seus olhos eram de répteis,sua língua era longa,seus movimentos imprevisíveis.Luara já os tinha visto uma vez,eles viviam no inferno guardando almas fujonas.
Outros novos servos de Lucam eram os lupinos do lago.Essas criaturas tinham as garras três vezes maiores,seus olhos injetados viam almas ao invés de corpos.Suas narinas caçavam uma alma através de vidas.Suas presas quatro vezes maiores eram reforçadas por um veneno mortal.
O Lord nunca enfrentara coisa igual.E o pior,não conseguia enfrentar tal atrocidades.Os vampiros pareciam se fundir com o chão,os lupinos pareciam prever cada movimento seu.
Então algo derrubou três deles fulminando-os,apenas os transformando em pó.O Lord correu para ver o que era que causava isso.
Nesse momento mais criaturas surgiram e destruíram parcialmente a casa de espelhos.Foram mortas logo depois.Lord foi até os espelhos parcialmente destruídos e andou por entre eles.
Primeiro viu seu reflexo e mais lupinos voando mortos.Então num dos arcos que existira um espelho ele viu Luara,estava linda.As asas arrastavam no chão,um xale mexicano branco caia por sobre suas costas.Seu vestido negro fazia parecer que ela flutuava,seus olhos azuis cinzentos o fitavam firmemente.Sim,Luara viera ajudá-lo e ela conhecia as criaturas.
Foi então que ele percebeu uma pequena mordida no pescoço dela e logo em seguida percebeu um segundo anjo que a seguia.Alto e moreno ele tinha uma aparência maligna com aquelas asas membranosas.Seguia Luara de leve,quase como se tivesse medo de tocá-la.
Após fulminar as novas criaturas.Luara fez menção de levantar vôo.O Lord falou.
- Espere,aonde vai?Diga onde vai ficar?
- Não se preocupe comigo e sim com você mesmo,a maga é poderosa e seu poder nutri os demônios do inferno...Encontre a resposta na perda,é o que posso lhe dizer.Adeus Dri.- Falando isso Luara levantou vôo sendo seguida por seu novo anjo negro.Eles se fundiram ao céu e sumiram.
O Lord agora todo molhado saiu andando cada vez mais confuso.Perdera Luara,sim ele sabia.E talvez nunca compreendesse Catherine,estava só de novo.
Do alto de um prédio Catherine o observava ao lado de uma mulher loira vestida com um manto roxo.
- Então é ele? – Falou uma voz vinda de lugar nenhum.
- Sim senhora. – Respondeu Catherine.
- Não me impressiona agora,me se os deuses dizem que é poderoso devo acreditar. – Disse a voz novamente,a mulher olhou Catherine.E num simples sinal elas sumiram.

FIM

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quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Anjo - Por Hellena Vieira


Anjo
por Hellena Vieira
well_550566@yahoo.com.br
Dedicado para Adriano Siqueira

Ela estava com medo, eu podia ver isso nos seus olhos pequenos quando me aproximei.
Agora eu via que a igreja havia enlouquecido, a pele alva dela estava quase totalmente marcada de cruzes e chibatadas.
Levantei minha mão e ela se encolheu, os cabelos loiros claríssimos caíram sobre o rosto e eu só pude ver os olhos verdes miúdos cheios de lágrimas rubras.
Então eu percebi, ela era um demônio, mas mesmo assim eu não podia deixar de admirá-la.
Num impulso, tirei uma chave do bolso da batina e comecei a abrir as fechaduras dos braceletes de ferro que a prendiam à parede.
Ela me olhou assustada, seu olhar felino me encantou. Comecei a soltar seus pés também, logo o bispo viria, eu tinha que ser rápido.
--Você não veio me castigar? —Falou a moça com voz fraca.
--Não minha criança, você não merece nada disso... Tem que ir embora.
Libertei seus pés, tirei minha capa e cobri seu corpo nu com ela. Mas já era tarde, o bispo e mais alguns padres entraram com estacas, água benta e chicotes. Um deles trazia uma arma, o bispo acenou negativamente a cabeça e me disse.
--Ah Adriano, você podia ser grande, poderia até chegar a ser bispo. Não se iluda com essa pestezinha do demônio, deixe-a conosco, volte ao seu quarto e tudo será esquecido...
--Não! Ela não merece tudo isso e o senhor sabe, por que não a liberta?
--Libertá-la Adriano, você perdeu a razão? E o que diríamos ao mundo, que existem vampiros entre nós e que todos os dias o número deles aumenta? Como ficaria a moral da igreja, e nossos fieis, temos que pensar neles também. Ela é só mais uma Adriano, morrerá para o bem de todos.
Um padre se adiantou até mim e eu pulei em cima dele, o bispo olhou triste para o chão e disse atirando.--Você poderia ser grande Adriano, poderia fazer grandes coisas...
Meu peito doeu e eu caí pesadamente no chão, o sangue se espalhou molhando as pedras frias, eu também tive frio, tudo pareceu ficar distante.
De repente, como um sopro de vida eu vi os cabelos loiros da moça passarem rápidos por mim.O bispo atirou mais sete vezes, de nada adiantou, ela estava fortalecida por meu sangue, agora ela queria o deles também.
Matou-os um a um, deixando o bispo por ultimo, queria que ele pagasse por tudo que lhe fizera.Enquanto destroçava seu pescoço lentamente ela sorriu para mim, mas eu não pude sorrir de volta, a dor em meu peito aumentou e eu senti minha alma se libertar de meu corpo.
Acordei nos braços dela, que pulava de prédio em prédio com facilidade.Ela sorriu mostrando os dentes brancos.Eu agora estava a salvo, não era mais padre, era um homem livre e ela não era mais um demônio, era meu anjo...
Adormeci em seus braços, consciente de minha recém adquirida imortalidade...

A última valsa - por Hellena Vieira


Hellena, uma grande amiga, escreveu e dedicou este conto para mim e sou-lhe eternamente grato.

A Ultima Valsa
Por Hellena Vieira well_550566@yahoo.com.br

Dedicado ao Lord Dri

Os corredores pareciam não ter fim, Darian ouvia o arrastar de sua capa e o ecoar de seus tristes passos arrastados. Anabell ja devia estar esperando por ele no salão. Eles tinham sido capturados a duas semanas. Darian fora torturado de todas as formas, com toda a crueldade. Afinal era inadmissível um caçador se apaixonar por sua caça. Seus captores num ultimo ato de crueldade promoveram um encontro onde um veria o outro ser executado depois de uma ultima valsa.
Darian quase não podia andar, ele tinha varias costelas quebradas e o sangue do ferimento do ombro escorria pela capa até o chão deixando um rastro vermelho. Seus olhos só abriam o suficiente para ele enxergar um leve e embaçado esboço de seu caminho. Mas ele não precisava de sua visão para perceber o quanto Anabell estava linda. Estava cercada de guardas, com os pés acorrentados um ao outro e mesmo assim sua beleza era única. Ela lhe deu um sorriso triste, sua raça curava rapidamente os ferimentos mas não fazia a dor passar. Eles se abraçaram e a musica começou a tocar. Ele tocou a cintura dela percebendo que tinham cravado espinhos de prata em seu delicado corpo impedindo o ferimento de fechar. O sangue escorria pelo ferimento e mesmo assim ela sorria.Darian lhe acariciou o rosto com carinho.
- Eu te amo Anabell, meu amor é eterno, como o próprio tempo.
- O meu também e nada, nada do que acontecer essa noite vai apagar o que sinto. Ele a beijou como nunca antes. Um beijo gelado com um tom de despedida. Depois dele o ódio tomou conta do ser dos dois. Darian tocou a balestra que roubara de um guarda e escondera na capa.O primeiro dardo atingiu a lâmpada deixando todos no escuro. Então o ataque começou, com mordidas que cortavam, que faziam sangrar, que dilaceravam, que desfiguravam. Gritos e mais gritos eram ouvidos.
Os reforços só chegaram as 5:30 da manhã, encontraram uma cena horrenda e nauseante. O casal morto, sem sangue, deitado no meio do salão abraçado. Ao redor deles estavam membros, órgãos e sangue dos guardas dilacerados.
O sol atingiu o casal que explodiu em milhares de borboletas brancas...Uma historia que não termina, um amor eterno como o próprio tempo...