quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

História inédita do Neculai

Olá pessoal,
O vampiro Neculai faz hoje  anos de vida desde a sua criação. Desde então mais de 70 histórias foram criadas com a participação deste vampiro.

Em homenagem aos 4 anos de sua existência eu publico aqui para vocês um conto inédito sobre o Vampiro Neculai.

Agradeço muito o apoio de vocês. Foram vocês leitores que deixaram a essência do Neculai sempre forte e sedenta. :-)

Abraços
Adriano Siqueira




O FUTURO DO DESESPERO
HISTÓRIA INÉDITA DO VAMPIRO NECULAI


‒ Sabe Fernando. Um balde de pipoca quentinha iria completar esta noite.

Fernando estava na residência da Eliane. Ele havia combinado um encontro com ela para assistir alguns filmes. Eles tinham uma relação amistosa. Os dois eram muito independentes e tinham o seu próprio meio de viver. Quando podiam, eles se encontram para se divertirem juntos. Ela era uma pessoa muito bondosa e era advogada, vivia protegendo os idosos para que suas casas não fossem vendidas por um preço muito baixo. Ela cuidava bem dos seus clientes e alguns amigos idosos que não tinham como pagar um bom advogado. 

‒ Gostei da ideia Eliane. Enquanto você faz, eu vou ficar aqui vendo as notícias. 
‒ Não tem aqui em casa Fê. Vou ter que ir até o mercado.  
‒ Deixa que eu vou. É rápido. Enquanto isso, você escolhe um bom filme para a gente assistir.
‒ Está bem Fê. Vou ver um pouco de notícias. Por falar em notícia...

Eliane pegou na mão do Fernando e a colocou em sua barriga. Fernando não compreendeu de imediato e sorriu, mas ela estava sem dizer nada e continuou sorrindo. De repente ele parou de sorrir e ficou assustado. Afastou-se da Eliane e, colocou a mão em sua testa e sorriu dizendo em seguida:

‒ Você e-está grávida? 

Eliane se aproximou do Fernando e o abraçou bem forte. Isso deixou o Fernando sem muita reação. Aos poucos, bem devagar. Fernando a abraçou sem dizer nada. Ela empurrou o Fernando para trás e começou a rir. 

‒ Eu só estava mostrando que minha barriga estava roncando seu bobo.  Precisava ver a sua cara. Agora vai logo buscar a pipoca.

Fernando pegou uma almofada e jogou na cara da Eliane. Ela ria sem parar enquanto ele saiu e fechou a porta.  Eliane começou a procurar os canais de notícias e quando achou um ela ficou impressionada. Aumentou o volume para ouvir atentamente. Neste mesmo momento, o seu celular tocou. Ela atendeu sem tirar os olhos da TV. 

‒ Oi Fê. Nossa! Você precisa ver o que estão noticiando. 
‒ Existem várias maneiras de convencer alguém a vender o seu imóvel. 

Eliane percebeu que não era o Fernando que falava no celular. Ela pegou o controle da TV e abaixou o volume.  

‒ Quem está falando? 
‒ Eu sou Neculai. Você atrapalhou minha negociação hoje. 

Eliane lembrou bem desse nome. Neculai era o homem que queria comprar o terreno do seu cliente que não estava interessado em vender. 
‒ Não sei como conseguiu meu número, mas nosso assunto termina aqui. 
‒ Viu as notícias? 
‒ Estava tentando ver até você ligar. 
‒ Vou resumir para você. Todos os presídios neste momento estão em rebelião. Não são apenas os presídios locais. São todos os presídios do país. Essa ainda não é a melhor parte. 
‒ O que está dizendo? Você está envolvido nisso? 
‒ Envolvido Eliane? Ha Ha Ha Querida, eu criei está rebelião. 
‒ Você é um maníaco. Vou desligar. 

Antes que a Eliane desligasse, as portas e janelas em sua casa se trancavam deixando-a assustada. 
‒ Quem está ai? 
‒ Eu sou Neculai!
‒ Você está no celular e aqui? 
‒ Estou também com os prisioneiros que estavam fugindo.
‒ Que? Eles estão voltando para os presídios?
‒ Quase todos Eliane.
‒ As noticias dizem que os que não voltaram estão morrendo violentamente. Pescoços quebrados. Muito sangue. 
‒ Estou falando também com os presidiários pelo celular. Se eles não seguirem as minhas ordens. São libertados mais cedo. Ha Ha Ha. Para sempre. Para o limbo, para o céu azul. Ha Ha Ha 
‒ Você não pode ser tão poderoso. 
‒ A rebelião agora foi controlada Eliane. Tudo está voltando ao normal.
‒ Qual o sentido disso? Matar pessoas? Você é um assassino. Criminoso.
‒ E sanguinário, e manipulador, e megalomaníaco também. Preciso adicionar essas qualidades nas redes sociais. Ha Ha Ha... Mas sim! Eu apreciei cada gota de sangue de cada um deles que não acataram meus educados pedidos para voltarem as suas selas. 
‒ Monstro!
‒ Obrigado. Continuando... Existe ainda um presídio que não foi contido. Ele fica bem,.. Que trágico. Ha Ha Ha. Esse presídio fica próximo ao terreno que eu quero. Vejam só. Ha Ha Ha.

Eliane sentiu a sua pele arrepiar e escutou uma voz que não veio do celular, mas por trás dela. 
‒ Eu consigo o que quero Eliane. 

Eliane olhou para todos os cantos da casa procurando o invasor, mas nada viu. Ela pegou o celular e perguntou assustada. 

‒ Você está aqui? Você invadiu minha casa? 
‒ Preciso daquele terreno Eliane. Para construir a minha escola. Uma escola para de verdade, que será lecionado por professores que eu estou contratando. As escolas de hoje não dizem a realidade da nação.
‒ Meu cliente já disse que não vai vender. 
‒ Como eu disse, prosseguindo com a nossa conversa, não consegui deter alguns prisioneiros que estão exatamente bem ali. Bem naquela área. Olha a TV Eliane. Acho que o seu cliente é a Manchete da noite. Ha Ha Ha.  
‒ Não! O helicóptero está mostrando com a câmera, um fugitivo armado está com ele fora da casa. Ele vai atirar no meu cliente. 
‒ Vai sim! Só eu posso detê-lo. 

Eliane olhou para a TV e viu o seu cliente de joelhos com as mãos na cabeça e o fugitivo com uma arma apontada na cabeça dele enquanto olhava para os lados e segurava um celular esperando uma ordem. Eliane não tinha escolha.

‒ O que quer Neculai? 
‒ Quero o terreno do seu cliente. Contrato assinado e tudo na mais completa legalidade.
‒ Eu consigo isso amanhã. Tem minha palavra. O terreno é seu. Agora! Salve meu cliente! 

Eliane assistiu na TV um homem sem roupa aparecendo por trás do fugitivo. Ele quebrou o pescoço e logo em seguida desapareceu. Ela ficou mais assustada. Neculai podia aparecer em qualquer lugar. Ele poderia estar ali, em sua própria casa, sem perceber. De repente ela escutou um barulho na porta. Alguém mexendo muito na fechadura e empurrando.   

‒ Vai embora! Já dei minha palavra.

Mas a resposta que Eliane recebeu a deixou mais tranquila. 

‒ Sou eu o Fernando. Abre a porta Eliane. Eu trouxe a pipoca. 

Eliane abriu a porta e abraçou o Fernando, deixando ele preocupado. 

‒ Calma Eliane. O que aconteceu? 

‒ É uma longa história Fernando. Conto no caminho.

‒ Caminho? Você quer sair? 

‒ Precisamos pedir ajuda. Eu fui atacada e subornada pelo Neculai. O vampiro que está aterrorizando todo mundo.

Fernando via a Eliane pegar a sua bolsa e as chaves, Ela corria aflita pela casa balbuciava enquanto verificava as portas e janelas. Ele precisava acalmá-la. 

‒ Calma Eliane. Pelo que sei Neculai está sendo elogiado por toda a mídia por acabar com a rebelião dos presídios que aconteceu á pouco. 

‒ Foi uma farsa. Ele mesmo provocou esta rebelião. Ele tinha interesses. Eu tive que ceder a uma ameaça desse monstro. 

‒ Mas ele é um herói. Todo mundo está a favor dele. Ontem mesmo estava na TV falando sobre as novas escolas que está construindo. Nossas crianças e professores treinados por ele mesmo. Um cara assim não pode ser um criminoso.

Eliane olha zangada para o Fernando e complementa:

‒ Ele matou muita gente hoje. Os fugitivos voltaram correndo para os presídios para que eles não fossem mortos por ele.

‒ Mais um motivo para ele ser herói Eliane. 

‒ Não acredito que você está apoiando o Neculai. Eu o vi matar um fugitivo sem piedade na frente das câmeras. Todo mundo viu isso. Foi horrível. 

‒ Eliane. Muita gente quer imitar o Neculai. Ás vezes isso acontece com as celebridades. É um bom vampiro, Ele gosta de ser chamado de vampiro pois ele diz que vai deixar puro o coração da nação. Ele veio para ajudar. Alguns realmente matam em nome dele, mas Neculai não tem culpa disso. 

Fernando riu e sentou no sofá e complementou:  

‒ Eliane. Esquece isso. Vamos comer pipoca e assistir um filme. 

‒ Me dá as chaves do carro Fernando. 

‒ Não.  As ruas estão uma bagunça a esta hora. Muitos carros de policias e repórteres vasculhando a cidade em troca de informações sobre tudo que aconteceu. Eu quero que fique segura aqui comigo. 

Eliane tomou as chaves do carro do Fernando e correu em direção ao veículo. Ele tentou avisa-la. 

‒ Volte Eliane. Por favor. 

‒ Não vou voltar. Preciso ajudar o meu cliente. 

Fernando tirou uma arma que estava escondida atrás da sua camisa e começou a atirar para o alto e aponta para ela. Ele grita: 

‒ Neculai só quer o bem de todos. Volte agora! Estou tentando salvar a sua vida. Os policiais estão procurando criminosos e eles têm ordem para atirar em qualquer carro suspeito. Volte Agora Eliane. 

Eliane ligou o carro e esperou o Fernando ficar bem na frente. Ele sorriu e ela acelerou fazendo com que o Fernando pulasse, abrindo o caminho para o carro seguir em alta velocidade.

Eliane tinha que ir até o seu cliente. Retirar ele de lá. Neculai poderia aparecer e assassinar um pobre senhor. Ela liga o rádio e procura notícias sobre a rebelião. Ela escuta uma radialista falar sobre o Neculai. Ela aumenta o volume e escuta atentamente.

‒ Neculai deixou um recado para os ouvintes: 
“Sou o Neculai. Um vampiro que luta para que possamos ter um mundo melhor. Qualquer dúvida liguem para o meu celular. Tenho muito para falar sobre meus planos e minhas ideias que ajudarão este país a ser verdadeiro. Um país que teremos orgulho de morar e de viver. Teremos as melhores escolas do mundo. Melhor que isso... Seremos o próprio mundo.”

Eliane fica impressionada com a notícia. Ele era um assassino manipulador e todo mundo trata ele como se fosse um herói da nação. Ela continua ouvindo. 

"Não importa se são 10 pessoas ou 100 nas ruas em manifesto, o que importa é que elas estão indignadas, e apontam o que está errado. Eles têm o direito de serem ouvidas. Lutam por uma nação melhor, pois não estão sentadas em casa, caladas como os Comodistas fazem. Estes sim não merecem ter nada, Esses, foram educados para ficarem calados. Sorvendo seus benefícios e se lixando para o país, Se lixando para o seu próprio vizinho que não tem como pagar o seu aluguel."

Eliane começa e entender. Esse tipo de discurso é muito político. Será que o povo daria um lugar para ele no governo? O que o Neculai realmente quer com esses métodos de enganar uma população inteira? 

Mesmo com a sua cabeça cheia de perguntas, ela continua ouvindo o programa na rádio.

“Enquanto o governo tentava explicar o inexplicável, pois dinheiro não cai do céu, os sem tetos eram retirados. Sem ter lugar para ficar, a sugestão seria começar a invadir as prefeituras, o palácio do governo, os estádios de futebol, as escolas, afinal, são do povo e é deles por direito. O que não pode é ficar na rua, no frio, na lama e na chuva. Somos cúmplices de cada um que morre na rua. Somos culpados por cada vítima ignorada. Sim! São vítimas, como as vítimas da guerra, como as vítimas de algum desastre natural. Essas pessoas que estão sem lugar para ficar são de nossa responsabilidade. Mas os comodistas gostam de ver tudo isso pela TV. Eu não os culpo. Eles foram educados por pessoas erradas, por governos errados. Eles são limitados. Nós não. Nós temos um caminho de muita vontade e força pela frente. Somos a nova nação do Neculai. Somos todos, o Brasil que merecemos.  Neculai para presidente!”

Eliane para o carro e limpa o suor do seu rosto. Ela não estava acreditando no que ouvia. Neculai queria ser presidente. Aquele assassino manipulador queria ser presidente do Brasil? Era muita loucura para uma noite. Ela abre a porta e sai do carro. Olha para o local onde estava. Perto da casa do seu cliente. Faltavam só alguns quilômetros. Ela não tinha mais tempo a perder. Sabia que o assassino queria derrubar aquela casa do seu cliente e usaria a população como desculpa para seus métodos manipulativos. Ela sabia que se seu cliente morresse nas mãos do Neculai,  ninguém iria acreditar em suas palavras. Corre para o carro e liga o motor para continuar o caminho. O rádio continua a falar do Neculai.
 “ Estamos aqui hoje com uma convidada muito especial. Deyse Day. Ela veio ao programa para falar sobre o Neculai. Ela é a relações públicas do nosso querido vampiro e vai falar um pouco sobre a vida de nosso herói.” 
“‒ É verdade que Neculai é mesmo um vampiro? Tem poderes de se transformar em morcegos e comanda os ventos e a chuva?” 
 “‒ Primeiramente. Boa noite ouvintes. Neculai está muito ocupado com a rebelião dos presídios no país e está fazendo de tudo para manter a população segura. Mas ele disse que ama todos vocês e se quiserem falar com ele pelo celular ou nas redes sociais fiquem a vontade. Respondendo a pergunta. Neculai é mesmo um vampiro. Mas não tem esses poderes de transformação e manipulação do tempo. Ele é um vampiro que, por causa de um acidente infeliz acabou se transformando em energia e as ondas de satélite misturado com o seu poder de vampiro foi levado para dentro das ondas que o celular usa para se comunicar. Seu corpo pode ir de um celular para outro. Neculai culpa a tecnologia por isso, mas ele aprendeu a viajar pelo celular e assim pode resolver problemas em toda a parte do país.” 
“‒ Neculai é mesmo um homem fascinante. Sempre atento aos problemas da população. E mesmo assim Deyse tem gente que vive acusando o Neculai de crimes absurdos. Como podem culpar tanto esse herói?.”
“‒ Ele já está acostumado com essas criticas. As pessoas já sabem que ele é realmente. Neculai é muito bondoso. Ele ama seus fãs. Quer o melhor para todos. Que orgulho o Brasil tem em ter um vampiro como ele olhando e cuidando da gente.”

Eliane desligou o rádio. Ela não estava acreditando. Neculai parecia ter o poder de manipular todos. Se Isso for verdade talvez ele consiga mesmo ser presidente. ‒ Que Loucura! Ela pensava. ‒ Neculai pode querer muito mais do que só o Brasil. 
A viagem terminou. Eliane havia chegado na casa. Ela sai do carro e olha para os lados. Achou estranho Não ter movimento policial. Houve um crime neste local. Neculai matou um presidiário, mas era como se nada tivesse acontecido. Limparam tudo. Nem policiais, nem imprensa. Nada nas ruas. 
Foi até a porta e chamou seu cliente. Ela temia que tivesse chegado tarde. ‒ Sr Oswaldo? Ela chamou. Esse era o nome do seu cliente. 
‒ Eliane! Estou aqui! No quintal! Atrás da casa.
Eliane achou estranho que o Sr. Oswaldo estivesse no quintal, pois já era quase de madrugada. Andou devagar. Olhava para os lados o tempo todo. Eles estavam em perigo. Ela precisava tirá-lo de lá. 
‒ Eu já estou terminando aqui!
Eliane o viu com uma enxada cavando um buraco. 
‒ O que está fazendo Sr. Oswaldo? 
Ele olha para Eliane, tira o suor do seu rosto com um pano e logo em seguida volta a cavar e responde:’ 
‒ Ele me salvou. Um dos fugitivos me pegou. Ele iria me matar.
‒ O que está fazendo Sr. Oswaldo? Por favor. Pare de mexer com isso. Já é de madrugada.
‒ Ele Me pediu para fazer isso. Era o mínimo que eu podia fazer. Ele me salvou. Tudo que aconteceu hoje foi um pesadelo. Eu aceitei o dinheiro dele. Vou mudar daqui. É muito perigoso. Não quero morrer. 
‒ Sr. Oswaldo! Pare de cavar esse maldito buraco. Neculai manipulou tudo. Foi ele o causador da rebelião, foi ele que matou os presidiários que não quiseram voltar. Ele fez isso só para conseguir esse terreno!
O senhor para de cavar. Olha para a Eliane, ele começa a rir e continua a cavar e responde:
‒ Eliane. Quer que eu acredite que o Neculai teve todo esse trabalho só para ter o meu terreno? Ele poderia ter me matado. Isso encurtaria as coisas. A verdade Eliane é que ele me salvou. Sua teoria não tem sentido. Sei que você fez o que pode, mas a violência está acima do normal. Eu não quero mais ficar aqui e daria a casa e o terreno de graça para ele depois do que aconteceu. Mas ele insistiu em pagar o triplo do que isso vale. Eu aceitei sim. E serei eternamente agradecido. Eu estou muito agradecido por tudo que fez por mim Eliane, mas o mundo mostra os caminhos certos de formas bem estranhas. 

‒ Então! Neculai venceu? 
‒ Diga isso para ele.
Eliane dá um passo para trás ao ouvir o que o Sr. Oswaldo disse.
‒ Como assim? Dizer para ele? Do que está falando? 
‒ Ele está aqui!
Eliane olha para todos os lados. Seu coração começa a acelerar. 
‒ Temos que sair daqui Sr. Oswaldo. Sair agora!
‒ Calma Eliane. Pensei que sabia. Ele disse que você viria. Disse que tinha marcado para vocês se encontrarem aqui. Ele está na sala. Por Deus. Ele veio através do meu celular. Ele estava sem roupa o pobre homem. Ficou muito envergonhado. Dei algumas roupas para ele vestir. Ele está esperando você. Pode ir. Eu estou quase terminando aqui.

Eliane caminhou até a sala, Sabia que o encontro seria inevitável. Talvez ele a mataria afinal era testemunha de tudo que aconteceu hoje. Neculai estava sentando em uma poltrona. Rindo com o celular na mão. 
‒ Esses meus fãs cada vez mais criativo. Agora querem fazer uma festa de aniversário em meu nome. Ha Ha Ha. Eu posso fazer uma festa para eles. Uma Rave Noturna com muita música e comida para eles se divertirem. Eles merecem. Vou tirar uma Selfie e mandar para minhas redes sociais... Mas... Eliane! Ha Ha Ha. Quanto tempo. 
‒ Seu Monstro Maldito!
‒ Não! Eliane! Não! Vem aqui querida. Ha Ha Ha. Neculai vai dizer o que está realmente acontecendo aqui.  Hora dos segredinhos. Ha Ha Ha Adoro essas horas. Enfim. Seu cliente está cavando o seu próprio túmulo.
  
‒ Você? Você fez isso com ele? Com todos! Manipula as pessoas. Você é um assassino. 
‒ Eliane. Não pensa assim. Eu amo esse país. Você sabia que a Amazônia foi vendida para outros países na década de 70? Pois é. E sabe o que vai acontecer em breve. São Paulo vai ser comprada. Ha Ha Ha. Mas para o bem do povo estou aqui para evitar que ESTE PAÍS não seja distribuído como pedaços de pizza para MUNDO. 

‒ Você que que eu acredite que ser presidente é bom para o país? Que só tem bondade no seu coração? Tem um idoso lá fora cavando seu próprio túmulo.

‒ Mas isso é só um favorzinho que pedi para seu cliente. Ha Ha Ha. Ele pode sair vivo dessa. Você sabe como.

‒ O que? Eu? Eu quero que você morra Neculai! 
‒ Sabe Eliane. Minhas amizades foram muito difíceis de conquistar. Cada uma tinha um certo preço. 

‒ Não tente me comprar Neculai.

‒ Eu jamais faria algo assim. O Fernando, o seu amigo. Ele sempre me ligava e eu perguntava sobre você e essa nobre atitude de ajudar os idosos. Que gesto maravilhoso. Este país precisa de pessoas como você. Eu ajudaria muito você, Tenho empresas com remédios que podem ser entregues rapidamente para esse pessoal que você tanto ajuda. 

Eliane senta no sofá e coloca as mãos em seu rosto. 

‒ Pense nas crianças desse país. Minhas escolas vão dar ensinamentos de primeiro mundo. Serão o futuro que este país merece. 

‒ Você é um Ditador. Vai manipular todos. Ninguém vai  escapar da sua ganância pelo poder.

‒ Pela dominação para um bem maior Eliane. Mas escute. Só preciso do seu silêncio sobre o que aconteceu e a sua vida será muito melhor daqui pra frente. Mas seja rápida na resposta. O Sr. Oswaldo já terminou e você sabe que isso tudo pode ter um final feliz.

‒ Está bem!

Neculai levantou e chegou bem perto da Eliane e com muita empolgação concluiu: 

‒ Eu venci de novo. Não é? Olhe para mim Eliane. Diga que venci.

‒ Você venceu Neculai. Não vou contar nada. Só deixe a gente em paz.
‒ Em paz? Ha Ha Ha. Esqueça essa palavra Eliane. Agora vou me alimentar. 

Eliane arregala os olhos e fica assustada com suas palavras, mas Neculai apenas sorri e vai até o celular e desaparece. Eliane ainda ouve a sua risada. Ela levanta do sofá e pega o celular. Ela leva até o buraco que o Sr. Oswaldo tinha cavado e joga o aparelho dentro dele e depois joga terra por cima. 

Por sorte o Sr. Oswaldo estava acostumado a cavar e mexer no seu terreno. Mesmo assim ele estava bem cansado. Eliane o leva até o carro. No rádio ainda falavam do Neculai.

“‒ Para fechar a madrugada vamos ouvir esse texto do nosso querido amigo Neculai.

"Quero dizer o que nunca foi ditado.
Falar o que nunca foi fadado.
Sentir o que nunca foi sensível.
Ouvir o que nunca foi ovacionado.
Quero tudo que nunca foi mudado ou domado.
Neculai Desade"

De repente Eliane escuta um tiro.  No susto ela bate a cabeça no vidro da porta e começa a sangrar. Com o barulho forte do tiro ela ficou com uma surdez momentânea deixando apenas um zumbido que vinha de dentro de sua cabeça. 
Ela grita tentando proteger o Sr. Oswaldo mas já era tarde. A arma que estava na mão daquele senhor começa a sair dos seus dedos; O Sangue começa a tomar conta do seu corpo. Ele se matou com um tiro na cabeça. 
Elaine abre a porta e sai do carro e se arrasta. Soluçando muito ela tenta se levantar. Coloca suas mãos no capô do carro e toma fôlego.
Uma luz vem de dentro do carro. Era o seu celular. Aos poucos o zumbido da sua cabeça diminui e começa a recuperar a audição porém a sua testa não parava de sangrar. Elaine já sabia quem era no celular. Com muita raiva ela atente a ligação e grita;

‒ Neculai Desgraçado!
Neculai responde depois de rir
‒ Eliane. Ele já estava morto. Sua vida existia até sair de lá. Você o tirou. Ele perdeu o sentido a vontade de viver. 
‒ E ainda me culpa Neculai?
‒ Não estou culpando. Culpar é algo que os humanos já nascem com esse sentimento para que evitem de serem reis. Humanos são treinados para terem culpa o tempo todo. Para serem eternamente inferiores. 
‒ Eu vou caçar você. Vou denunciar você. Vou prender você.
‒ Não precisa me caçar. Eu estou presente e bem atras de você.

Eliane sente um calafrio. De repente o vento estava gelado, frio. Ela abaixa vagarosamente o celular. E olha para trás. Neculai estava lá. Seus olhos vermelhos brilhavam e ele olhava atentamente para ela. Sorria. e depois olhava para o Falecido. Ele começou a caminhar para perto de Eliane. Ela não tinha como escapar. Neculai era ágil e forte. Novamente Neculai começa a rir e a conversar;

‒ Vamos Eliane. Você não acha que eu iria te machucar.Eu vim oferecer um emprego. Algo que deixe você afastada de defuntos. Ha Ha Ha. Morrer é algo tão finito. Não existe festa para quem morre. 

Neculai rapidamente pega as mãos de Eliane e a abraça como um dançarino. E começa a dançar. 

‒ Olhe bem para mim Eliane. Acha que este mundo vai durar para sempre? Será que não é hora de você aproveitar cada instante, cada momento,...
Neculai aproxima o seu rosto perto do dela e lambe o sangue de sua ferida ocasionada pela batida no vidro. A ferida se cura rapidamente. Eliane coloca a mão na testa e sente que não existe mais a ferida. Ela havia sumido. 
Neculai Sorri e conclui. 
‒ Aproveitar cada sensação de prazer Eliane. Para onde vamos não haverá feridas, nâo haverá dor. Apenas felicidade e uma insana vontade de viver. 
Eles se beijam com intensidade. 
Eliane estava com raiva. Ela precisava descarregar todo esse sentimento. Ela joga o Neculai no capô do carro. Ela sente o corpo nú do vampiro. Começa a arrancar a sua roupa. E os dois se pressionam novamente. Ela Sorri de paixão e prazer. Passa as mãos e as unhas no rosto do Neculai. E aproveita aquele momento de loucura e insanidade. Se tiver que ser assim. Se entregar a este vampiro. Então se deve aproveitar cada instante. Chega de lutar. Vamos aproveitar.

O Vampiro Neculai agora tem mais uma aliada para a sua conquista. 



Por Adriano Siqueira 


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