sábado, 28 de março de 2020

A Lenda de Cariska, A mulher onça



Arte acima é da Maria Ferreira Dutra


A LENDA DE CARISKA, 
A MULHER ONÇA

Por Maria Ferreira Dutra 
e Adriano Siqueira

No ano de 1821 na Vila da Cachoeira na Bahia, o Batalhão dos Periquitos tinha oito combatentes da Guerra da Independência do Brasil.

Algumas mulheres se passavam por homens e se alistaram como voluntárias do príncipe, se tornaram muito experientes no campo da artilharia.
Ondina Martins, Maria Quitéria e Lindalva Correia eram as mulheres do batalhão. Os homens as respeitavam. Elas eram especialistas nos campos de batalhas e já salvaram muitos soldados.

Em uma das suas averiguações pela mata da redondeza, Maria Quiteria e todo o batalhão, foram cercados por uma tribo indigena, muitos morreram nessa emboscada. Mesmo com as baionetas, os índios ganharam com suas flechas e lanças pois estavam em maior número. Maria Quiteria, Ondina Martins e mais dois soldados correram a procura de ajuda. Ondina tropessou e caiu em uma grande armadilha.

Quitéria chegou a voltar para procurá-la, mas Ondina desmaiou na queda.

Ondina acordou depois de três horas e já era noite. Ela gritou por ajuda, mas ouviu um rugido.

Ela estava em um grande buraco, quase nove metros abaixo do solo.
O local tinha uns 10 metros iluminado apenas pela luz da lua.

Assustada com um rugido que ouviu, tentou se armar, mas a baioneta estava quebrada e a espada enfiada na sua perna ajudou a estancar e a coagular o sangue. Se ela tirasse a espada perderia muito sangue e não teria forças para sair de lá.

Ondina estava preocupada com o som emitido pelo animal que parecia estar no mesmo local ou muito próximo  dela ficando assim em silêncio e atenta.

Com isso, percebeu dois olhos brilhantes em sua frente, respirou fundo e viu que era o olho de um animal selvagem e provavelmente faminto.
Ondina pegou a sua faca e olhando aquele olhar brilhante do animal pensou  "Não morrerei sem luta."
Viu que era uma onça andando vagarosamente até ela.

Ondina sabia que iria perder essa luta, mas a faca que ela segurava em suas mãos, mostrava que ela não morreria sozinha.

A onça se aproximou. Colocando as patas em suas pernas. A espada a tinha atravessado.
O animal cheirou a espada e olhou nos olhos dela que fitava o animal e suava muito,  mas a faca a faca estava ali bem segura em suas mãos que, com muita força, a apertava.

A fera deu um grande rugido e Ondina gritou de medo, mais não se abateu, fechou os seus olhos e quando ela abriu para atacar,  a onça havia sumido.
Ela olhou em todo o local e não encontrou mais o animal.
Olhou para a sua perna e achou uma pedra que brilhava era uma cor vermelha.

Ondina pegou a pedra e o seu braço começou a brilhar, uma luz alaranjada  tomou conta do seu cabelo que rapidamente passou para a cor  vermelha.
Passando a pedra na sua perna ferida, a espada derreteu e a sua perna ficou curada.
Ondina  conseguiu se levantar sem dificuldades.

Olhou para o alto e viu a lua e teve  uma ansiedade muito forte de sair daquele local.

Pulou para o alto foi subindo rapidamente até sair do buraco suas mãos e pernas estavam em carne viva, mais sair de lá, era o que mais imperava naquele momento e
quando Ondina chegou no solo, começou a sentir fome, muita fome,
cheirando ao seu redor, agiu como um animal. Devorou a primeira presa que apareceu, um animal pequeno.
Depois que estava satisfeita ela viu o que havia feito e chegou a passar mal.
Sentiu que precisava de ajuda, mas quando foi correr, tropeçou em algo que ela sentiu com se fizesse parte do seu corpo e caiu de cara na lama.
Ela viu que pisou no seu rabo. Um rabo de uma onça.

Assustada olhou todo o seu corpo, a  pele estava de cor alaranjada e com pintas. O seu nariz agora era um fucinho e as orelhas como a de um felino.
Ondina precisava entender o que estava acontecendo.
Olhou para a pedra.
Começou a ter visões sobre Deuses felinos: Leão, Leopardo, Tigre, Leoa e uma onça.

Eles viviam na terra e ajudavam os índios a viverem com a comida que esses deuses traziam.

Os deuses eram chamados de Felícius. Vieram em uma embarcação que saiu de Transvaal no continente da Africa.
Os Felícius eram pacificadores, cada um usava uma pedra poderosa forjada pelo Deus dos felinos, Jabohau.
A Onça que tinha um relacionamento amoroso com o Leopardo, era uma felina muito aflita e insegura.

O Leopardo não a deixava agir sozinha e o Tigre sempre a ajudava a sair de encrencas.

Essa atitude de proteção do Tigre, deixou o Leopardo incomodado e começou a ficar de olho nos dois.

O Tigre e a Onça foram passear no lago e lá mesmo se amaram. O Leopardo assistiu tudo e pegou a sua lança e atacou diretamente no coração do Tigre m. A onça assustada, correu para denunciar o Leopardo ao leão que determinou a sua morte.

Mas a ira do Leopardo era incontrolável e ele matou a leoa e o leão que era um felino pacifico e se transformou em uma fera insana ao ver a sua leoa ser assassinada e entraram em luta corporal até morrer.

A onça pegou todas as pedras dos felinos mortos e a levou onde ela havia amado o Tigre, em seguida a onça se jogou nas águas e somiu para o mundo.

Ondina acordou assustada, já era dia.
Ela se olha e vê que estava em seu corpo humano e pensa "teria eu sonhado?!"

Ondina pegou a pedra que estava no chão e escutou uma voz em sua mente que dizia: "Cariska! Venha até meu lar." E a imagem do Tigre sorrindo apareceu e depois sumiu.

Ondina guardou a pedra em seu bolso.
Se o seu sonho era real, então haveria mais quatro pedras.

Mas agora não era o momento para pensar sobre isso. Ela tinha que voltar para a sua Vila e contar como ela sobreviveu.


Por Maria Ferreira Dutra
e Adriano Siqueira






Arte: Adriano Siqueira




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