sexta-feira, 6 de março de 2020

Hora do Baile - Maria Ferreira Dutra


Arte: Maria Ferreira Dutra


Hora do baile

Hoje quero te surpreender. Depois de anos de separação, está na hora de nos encontrarmos de novo.
Sempre marco esse encontro e acabo não indo. Sei que você me espera, já faz algum tempo. Meu corpo pretende ir, mas o meu coração falha comigo e mais uma vez acabo deixando você na porta me esperando de novo.
Olho para você e vejo seu semblante  sorridente,  ouço você me dizendo:  "Sou paciente, já nos conhecemos faz tempo, não tenho pressa, leve o tempo que levar, vou te esperar aqui".
Ah!  O som da sua voz ecoando em meus ouvidos, me fazem sorrir e ver o quanto eu quero te encontrar.
Eu não aguento esta longa espera.
Abro o armário e pego aquele lindo  vestido que usei no nosso primeiro baile, onde nos conhecemos e você me dizia que eu estava esplendida naquele vestido preto com lantejoulas brilhantes,  como a noite escura e  estrelada.
Seus olhos pareciam cometas passeando pela beleza do meu corpo celestial.
Muitos me olhavam naquela noite, mas eu só tinha olhos para você. Bela recordação!
São dezoito horas e quinze minutos, fazem três dias que não tomo meus remédio e eu sinto, eu sinto que desta vez eu não deixarei você me esperando. Vou levar o seu presente comigo onde te entregarei em mãos.
Eu sinto que  hoje vou seguir o baile. —O que você acha desse batom vermelho? — Me lembro bem que você  gostava dessa cor.
Vou usar esse perfume doce com cheirinho de jasmim, foi assim você o classificou o bom cheiro ao me dar o primeiro beijo em meu pescoço. Você  foi bem atrevido para aquela época!  Mas gostei (sorrisos) Gostei.
Hoje, mais uma vez, não tomarei os meus remédios, quero seguir o baile, quero segurar em suas mãos e dizer o quanto te amo e o quanto desejo continuar te amando.
Boa noite meu bem! Estou pronta para o nosso baile...
— Que horas são  Arnaldo?
– São onze horas e cinquenta e dois minutos.
— E o que você faz aqui em minha casa?
— Eu adormeci, como você entrou? Você não tem a chave?
—Sua casa? (Sorrisos)
—  Aqui não é a sua casa aqui é a nossa casa,  lugar onde todos nós chegamos quando amamos alguém de coração e alma.  Vamos abrir as...
—  Estou confusa Arnaldo!
— Entenderás quando as cortinas se abrirem,  pois o palco é todo seu.           — Mas, mas Osvaldo! O que eu faço aqui?
— Descobrirás!

A cortina se abre e ouve-se aplausos,  uma luz é direcionada a pláteia sendo focada no Rener, que  com um buquê  de jasmim, sobe ao palco para lhe desejar boas vindas. Joana sorri e diz que agora ela estava entendendo tudo.  Rener sobe ao palco e os dois se beijam e se abraçam, Renan sente algo no bolso de Joana e pergunta o que seria aquilo. Joana  retira do bolso uma  caixinha e sorridente o diz que agora era a vez dela perguntar se ele queria casar-se de novo com ela.
E assim o baile segue. E o buquê; o buquê foi jogado pela Joana e em chuva de pétalas levadas pelo vento entraram pela janela e cairam na cama da Rebeca esposa de Osvaldo seu cunhado, que por acaso seguiu o baile duas horas antes dela. Osvaldo sorri para Joana e diz, que daqui a algumas horas ele também ficará feliz, sua esposa subirá a seu encontro.
E  a música é colocada na vitrola :
Whoa! Meu amor, minha querida,
Eu desejo seu toque,
Sozinho tanto Tempo só.
E o tempo vai passando, tão lentamente,
E o tempo pode fazer tanto,
será que você ainda é minha?
Eu preciso do seu amor.
Eu preciso do seu amor
Que Deus traga seu amor a mim.
Os rios só fluem ao mar, ao mar,
aos braços abertos do mar
Os rios suspiram, me espera, espera por mim,
eu estou indo para casa, espera por mim...
Ghost: do Outro Lado da Vida -  (Tradução)

Arte e texto: Maria Ferreira Dutra
@mariafsdutra
Arte: Adriano Siqueira
Arte: Adriano Siqueira

Mais uma música para essa história
https://youtu.be/7cAbmaBHIFU


Um comentário:

Karmem disse...

Quando a sua própria imaginação te leva diretamente aos salões de bailes ����
Esse é o poder da belas palavras interligadas que se transforma em um belo conto muito bem escrito �� :D parabéns pelas imagens e pelo conto