Eternizado para o mundo
Por: Maria Ferreira Dutra
Era uma tarde de domingo, ele estava ali sentado em meio aos seus livros.
Tudo era muito azul e branco, flocos caíam sobre o seu rosto e ele, como se nada tivesse acontecendo parecia ler um bom livro.
Folhas voavam e subiam com o vento frio, que tomava conta do local.
E ele ali parado aguentando o tempo gélido. Me aproximei colocando a minha mão sobre a sua cabeça e levantando o seu rosto percebi que seus óculos encontravam-se embaçados; suas mãos firmes, seguravam o livro de uma forma a não querer soltar e perder. Era muito carinho e amor pelas obras.
Eu estendi a mão de forma a cumprimentá-lo, seu sorriso era um sorriso congelado, alegre, gostoso de se ver. Provavelmente ele lia um livro bom, tamanha era a sua alegria.
Eu o convidei a seguir viagem, pedi para que ele deixasse a sua casa, e parecia feliz em seguir comigo, percebi que já estava mesmo na hora dele ir.
Ancioso, a única coisa que me Perguntou foi se poderia continuar a ler, escrever e ensinar, pois era a coisa mais linda que ele sabia fazer. Eu respondi que sim, que em qualquer lugar que estivesse, ele seria lembrado, e ao chegar em minha casa, ele não acreditou, reconheceu ali vários escritores como: Machado de Assis, Mario de Andrade, Euclides da Cunha, Caio Fernando Abreu, Fernando Gular, Carlos Heitor Cony, Aurélio B. de Holanda Ferreira, Carlos Nascimento Silva, Rubens Fonseca, Ivan Rubino Fernandes, Nelson Rodrigues, Ana Lee, Sônia Rodrigues, Rosa Amanda Strauz, Euclides da Cunha, Edgar Allan Poe, Franz Kafka, Graphic Novel e Monteiro Lobato.
Uma voz no fundo o cumprimentou perguntando se lembrava dele, e o nosso viajante respondeu que sim, que ele era o Graciliano Ramos, que o leu e indicou muitas obras dele como a "Vidas Secas", "Angustia" entre outras.
O nosso viajante sorriu achando que estava sonhando, pois como ele poderia ter encontrado com todos eles ali?
O nosso viajante é convidado a se sentar por Machado de Assis que estava na primeira carteira, e o recem chegado pergunta para todos, o que ele estava fazendo ali naquele belo domingo.
- Eu, seu condutor celestial e todos aqui, achamos que você já havia cumprido muito bem o seu papel na terra, por isso achamos que era hora de você se juntar a nós.
- Mas isso siguinifica que eu morri?
- Não mestre, nós escritores, nunca morremos. Somos imortalizados pelas nossas obras. Seu legado viverá para sempre. Hoje, a cadeira de número 3521 é sua. Pode se posicionar à frente que a lousa é toda sua.
- Obrigada Carolina Maria de Jesus.
Agora que todos conheceram espiritualmente o nosso novo membro, vou pedir que cada um se dirija a sua sala, pois a sala 326 será ocupada pelos novos alunos do nosso recém chegado.
"Lápide 1937 -18 -02 -20
Estarei sempre vivo em suas mémorias e em qualquer plano"
Joaquim da Silveira Mestre foi professor primário e secundário.
Escritor do livro: "A leitura e seus ensinamentos", entre outros.
Escritor do livro: "A leitura e seus ensinamentos", entre outros.
Escrito por Maria Ferreira Dutra
Obs: Onde se lê 3521 leia Céu 3 representa a letra 'C', "E" representa a letra 5 e 21 a letra U.
Obs: Onde se lê 3521 leia Céu 3 representa a letra 'C', "E" representa a letra 5 e 21 a letra U.
Um comentário:
Por um momento pensei que estava me descrevendo quando começo a ler, simplesmente pode cair o mundo e eu simplesmente fico lá envolvida na leitura, na história. Parabéns pelo conto emocionante. Pude lembrar vários nomes nacionais que já tinha lido algum tempo. Com essa quarentena pq não procurar por algumas obras de nomes tão incriáveis para a época deles. E como a Maria falou eles nunca morreram ficaram eternizados nas suas próprias obras.
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