domingo, 2 de janeiro de 2022

Amor Sidorial

 



AMOR SIDORIAL

Maria Dutra


Na clareira protegido pela mata escura.

Sidoire, a criatura,

observava com atenção 

a sua amada que passeava segura.

A criatura tinha o corpo de um lobo

Asas de morcego e uma face humana que sorria e falava.

Sempre que ia deitar, 

a sua amada olhava o quintal. 

Sorria com as pétalas de rosas 

Enfeitando o local.

Sidoire sempre fazia esse ritual.

E assim ela sorria ao vê-lo escondido achando que ela não podia 

o ver. 

Eles não podiam estar juntos

Muitos não aceitariam a criatura em sua redondeza. 

Esse amor sidorial causava 

dor, tristeza e mágoa.

Mas o amor dos dois só aumentava.

E eles continuavam sem pensar em nada.

Só o carinho e a paixão importava.

Ela via em suas flores

que dentro desse monstro

Existia um coração com amor e ternura.


Muitos homens tentaram conquistar a amada da criatura.

Mas eles falharam, causando raiva e loucura.

Eles saíram para caçar a criatura 

E a noite foi carregada de gritos, tiros e desespero na mata 

escura. 

Até a lua ajudou a aberração,

se escondendo e deixando os homens perdidos na escuridão. 

A amada aflita 

sabia que era bom e que existia

um homem por dentro

que a deixava segura e tranquila.

Caçadores voltaram comemorando

Diziam que a criatura havia fugido ferida e chorando. 

Há três noites a criatura não aparecia.

A mulher escutou um barulho.

E viu o que desejava

O que queria.

Seu quintal coberto de rosas.

Em cada pétala deixada

Um sinal de amor pra amada 

em seu jardim de almas, quente e envolvente.

Carregado de pensamentos de amor

que o Sidoire transmite e aquece. 

Amor esse que só os mantém

mais perto e mais presente.

Nenhum comentário: