Filosofia Vlad -
uma história de caçador e vampiro
— Estou Cego! Me ajudem!
O garoto passa pela avenida Rebouças com as mãos para frente procurando segurança. Um homem que estava no ponto de ônibus, que é no meio da avenida, corre para socorrê-lo. o garoto abriu os braços e gritou!
— Ele voltou! Vlad voltou!
Antes que o homem pudesse alcançá-lo, um carro o atropela e o lança para a calçada. O garoto é levado às pressas para o Hospital das Clínicas que era bem em frente ao local.
O Investigador Jefferson e sua equipe investigam o caso e verificam que o garoto tinha
aproximadamente dezessete anos, usava roupas pretas e tinta da mesma cor em volta dos olhos. Ele estava cego, seus olhos foram arrancados.
No dia seguinte a comunidade Filosofia Vlad estava com muitas mensagens pertinentes ao pacto do dia anterior e sobre onde estaria Kassius Vlad.
Kassius era um dos maiores pesquisadores sobre Vlad Tepes e também fundador da comunidade Filosofia Vlad.
As perguntas variavam. Algumas eram sobre um provável pacto que haveria na noite anterior com alguns membros da comunidade, mas, não houve respostas.
Ângelo, um prisioneiro contrabandista é chamado para interrogatório pelo investigador Jefferson:
— Você conhece góticos e vampiros. Chegou até a fundar um clã de Rpgistas. Foi preso por contrabando, formação de quadrilha e resistiu à prisão.
— Digamos que burlar o sistema é algo comum hoje em dia e não era uma quadrilha eram apenas meus amigos e não resisti à prisão. Apenas disse que gostaria de terminar o jogo pois meu personagem iria se tornar príncipe de toda a cidade. Isso era importante demais, eu seria preso mas seria um príncipe.
— O que sabe sobre Vlad Tepes?
— O idolatrado Vlad III foi o príncipe da Wallachia. No próprio site do consulado da Romênia, encontramos informações sobre ele. Mesmo àqueles que não apreciam os vampiros, conhecem bem o que ele fez pela nação, pelos seus métodos de tortura usados contra seus inimigos.
— Ele era um ditador.
— Nunca! Ele protegia seu reino! Era um herói!
— Ontem um garoto foi atropelado. Ele vestia roupas iguais as suas. Arrancaram seus olhos.
— Não olhe para mim! Estou preso aqui faz um mês.
— Suas últimas palavras foram Vlad voltou!
— Então os malditos da filosofia Vlad conseguiram!
— Do que está falando?
— Existe um grupo, uma comunidade de estudiosos sobre o tema. Eles procuravam uma maneira de ressuscitá-lo. Lógico que isso é ficção e mesmo que fizessem não daria para saber se Vlad era mesmo um Vampiro.
— Se alguém quisesse imitar este Vlad, arrancar os olhos seria um método dele?
— Claro! Como também escalpelar, estrangular, assar, crucificar, enterrar vivo, etc.
— Veja esta foto.
Ângelo vê a foto de alguém enterrado com apenas a cabeça exposta. Numa outra foto, um
garoto crucificado. Outras fotos apresentavam cenas dantescas, com um garoto sem a pele e
outro decapitado.
— Nossa! Onde foi isso?
— Todas as fotos foram tiradas no cemitério do Araçá.
— Tem muitos vampirólogos por ai, muita gente que conhece o tema. Isso parece coisa
de Serial Killer.
— Não queremos alarmar ninguém e nos lemos os seus trabalhos nos sites. Você
conhece bem isso. Se ajudar ficará livre. Mas não estará sozinho. A policial Aléxia Doro irá
com você.
— Aléxia Mat Doro?
— Sim, ela mesmo, a ex-atriz que fez o primeiro filme brasileiro sobre vampiros. A vampira Lúmina.
— Como ela virou policial?
— Talvez ela conte.
Ângelo sai da delegacia e encontra Aléxia dentro do carro. Ele olha pra ela e diz:
— Pode esquecer, eu não acredito que Vlad voltou.
— Por que não? Parece plausível um país jovem como este sempre separado por classes pobres e ricas. Vlad acabou com as diferenças de classes na sua época e se tornou uma grande potência.
— Lúmina, você deveria ser a primeira a ser contra isso. Foi atriz. Caiu fora quando estava famosa. Virou policial. O que aconteceu? Ficou com medo dos vampiros?
— Isso não é da sua conta! Mas quer saber? Eles existem! Tentaram me transformar e fugi deles.
— Quer saber a minha versão? Você foi a uma casa noturna e o pessoal que conhece
sobre vampiros de energia te assustaram.
— Eu os vi Ângelo. E eu era a escolhida. Eu seria a próxima atriz a morrer para me transformar num deles. E você sabe que muitos atores que interpretavam vampiros morreram misteriosamente.
— Uma teoria interessante.
— Eu fugi deles. Virei policial e larguei minha vida para eles nunca mais me verem nas telas novamente.
— Eu gostava da Lúmina, era cheia de vida...
— Eu só a interpretava! Sou uma mulher comum e aprendi a me defender. Vamos para o local do crime?
— Não! Vamos para uma casa noturna, perto da Praça da República. Eu conheço alguns frequentadores do Filosofia Vlad.
Dentro da casa noturna, no segundo andar, de muitas janelas notava-se as luzes da cidade.
Olhando para baixo eles vêem os portões de ferro da casa noturna com muitas lanças pontiagudas. Por dentro da casa bem no meio da pista de dança, havia um espelho de dois metros. Ângelo e Alexia param em frente ao espelho e ele sorri dizendo:
— Não acredito que acharam o espelho.
— Do que está falando? Isso não é um espelho. Não tem meu reflexo! Deve ser algum
efeito especial...
— Você logo verá.
Um homem vem ao encontro do Ângelo.
— Olha quem saiu da cadeia!
— Thomas! Rapaz quanto tempo — diz Ângelo sorrindo. — Então você conseguiu o
espelho!
— Eu lhe disse que existia. Era só questão de tempo.
Alexia se intromete no assunto e conversa:
— Deve ter custado uma fortuna para um simples dono de casa noturna. Mesmo com efeito especial este espelho parece muito antigo para o seu dinheiro!
Thomas olha para Ângelo e pergunta quem é ela. Ele responde:
— Lembra da Lúmina e do primeiro filme sobre uma vampira espiã?
— Não acredito? E você me fala agora? Eu podia ter colocado isso no flyer. A casa iria lotar.
— Ela é discreta! Não aprecia os fãs. A propósito, ficou sabendo do Vlad?
— Ângelo, não acharam somente o espelho. O medalhão da Ordem do Dragão também!
— Com quem está?
— Com o pessoal da Filosofia Vlad! Quer dizer, com o pessoal que ainda está vivo!
Parece que eles foram curiosos demais.
— Kassius Vlad não foi encontrado morto entre eles.
Neste exato momento, uma voz corta a conversa.
— Me procurando Ângelo?
Lúmina fica arrepiada. Ângelo olha para Kassius e logo vira para o espelho. Ele relaxa e sorri.
— Por um segundo acreditei na lenda que este espelho só refletia vampiros.
— Oras Ângelo. Sabemos que vampiros são coisas do passado.
Thomas pede licença e volta para a mesa de som onde estava uma DJ: uma mulher alta de cabelos vermelhos. Ele fala algo em seu ouvido assumindo o som enquanto ela desce para falar com eles. Aléxia vê a imagem da DJ no espelho. Ela respira fundo e confere a sua arma mesmo sabendo que não adiantaria nada para um vampiro. Ela tenta avisar o Ângelo mas ele a ignora. A DJ abraça Kassius e passa a língua em sua orelha. Ela olha para o Ângelo e pisca para ele. Ângelo faz a sua saudação:
— Katrin! Deixou de usar a roupa vermelha. Agora é apenas a cor do seu cabelo.
— Ângelo. Vampiras nunca devem usar a mesma cor de roupa. Isso desperta atenção.
— Onde está Sandra?
— Sandra voltou da Europa à pouco tempo. Foi ela quem trouxe o espelho e o medalhão! No momento ela está fazendo a decoração no terraço Itália.
Aléxia sacava a arma e apontava para Katrin e Kassius.
— Já chega! Onde está o medalhão?
Kassius começa a rir e responde:
— Katrin, ela pensa que ainda é a Lúmina.
— Então está ai a covarde que fugiu dos escolhidos. Que ótima oportunidade de mostrar para eles o quanto estavam errados em escolhê-la.
— Espere Katrin! — dizia Ângelo. — Não deixe que ela a desafie. Você é uma vampira. Não precisa disso.
— Não se preocupe Ângelo... Só quero tirar uma foto segurando a cabeça dela.
— Alexia vê que o espelho estava apenas pendurado por uma corda. Ela atira na corda e o espelho se espatifa no chão. Katrin agarra o pescoço da Alexia e a derruba. Alexia pega uma parte da madeira do espelho e enfia no peito dela. Ela grita até que explode.
— Kassius tenta fugir mas Ângelo o agarra. Eles lutam até que o Ângelo encontra o medalhão escondido na roupa dele. Kassius grita:
— Não! Este medalhão é o meu poder. Eu me torno Vlad. Eu sou Vlad!
— Você matou todos até aqueles que acreditavam em você!
— Eles eram tolos e covardes! Mereceram morrer! Vlad jamais os aceitaria. Eu sim!
— Imitou Vlad mas esqueceu o principal foco do seu apelido... Mas vamos corrigir isso agora mesmo!
— Não! Por favor! Eu tenho um reino e muitas riquezas. Poderemos ser os donos dos vampiros!
— Ângelo leva Kassius até a janela e o joga sem piedade, fazendo ele ser atravessado pelas lanças mortíferas que estavam nos portões.
Empalar: uma morte digna de quem tentou imitar Vlad o Empalador.
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