Cândido Torcato Portinari
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Matéria e Pesquisa:
Maria Ferreira Dutra
Muitos artistas dedicam a vida ao registro da cultura do seu país. É também o caso do artista plástico Candido Torcato Portinari.
A obra do artista plástico Portinari é marcada por sua infância em Brodowski, onde nasceu no ano de 1903.
Suas obras demonstram a importância da vivência e da observação das cidades do interior do estado de São Paulo.
Com apenas 9 anos de idade seu talento foi demonstrado ao trabalhar como ajudante de um grupo de pintores italianos que decorava a igreja matriz.
Após essa experiência, seus pais o encaminharam para ter aulas com o artista Zé Murari e Vitorio Gregilini artista local que copiava estampas de santo. Os dois artistas tiveram papéis fundamentais no início da carreira de Portinari.
Para dar continuidade à sua formação, ele mudou-se em 1919 para o Rio de Janeiro, onde inicialmente frequentou o Liceu de Artes e Ofícios e, um ano mais tarde, matriculou-se no curso livre de desenho na Escola Nacional de Belas Artes. Cidade Universitária da Univercidade Federal do Rio de Janeiro ( UFRJ )
O pequeno Candinho saiu de Brodowski e tornou-se Candido Portinari, grande pintor do Brasil.
Portinari viajou, visitou museus, conheceu o trabalho de muitos outros artistas. Aprendeu muito, mas quase não pintou. Viveu um tempo em Paris onde conheceu a jovem uruguaia Maria Victoria Martinelli e no ano de 1931, voltou ao Brasil casado com ela que foi sua companheira durante toda a vida e mãe de seu único filho, João Candido Portinari.
Considerado o pintor oficial do País, Portinari fez muitos trabalhos para o governo, decorando prédios, igrejas, bancos e escolas com temáticas que variaram entre brincadeiras infantis e cenas religiosas e históricas.
Suas obras mostram a realidade com a qual ele conviveu em sua infância, suas observações da vida dos lavradores e retirantes e um empenho em retratar a história, a tradição e a religiosidade dos brasileiros.
Além de pintar, Portinari escreveu poemas como:
O Menino e o Povoado ( Não tínhamos nenhum brinquedo ) de 1958, Deus de Violência, O Menino e o Povoado (Saí das águas do mar) O Menino e o Povoado ( Sentia-me feliz quando Chegava um circo), Respirar, Sobressalente entre outras poesias que poderiam encontrar nas redes ou adquirindo livros do artista e poeta.
POEMA DE PORTINARI
O Menino e o Povoado [Não Tínhamos nenhum brinquedo]
Não tínhamos nenhum brinquedo
Comprado. Fabricamos
Nossos papagaios, piões,
Diabolô.
A noite de mãos livres e
pés ligeiros era: pique, barra-
manteiga, cruzado.
Certas noites de céu estrelado
E lua, ficávamos deitados na
Grama da igreja de olhos presos
Por fios luminosos vindos do céu
era jogo de
Encantamento. No silêncio podíamos
Perceber o menor ruído
Hora do deslocamento dos
Pequenos lumes... Onde andam
Aqueles meninos, e aquele
Céu luminoso e de festa?
Os medos desapareciam
Sem nada dizer nos recolhíamos
Tranquilos...
Portinari
Candido Portinari pintou quase cinco mil obras de pequeno esboço a gigantescos murais. Foi o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional.
Nas suas obras o artista também demonstrou seus medos de criança e os retratou em pinturas de espantalhos.
O quadro O "Espantalho" que também é título de outras obras criada por ele, se refere aos bonecos das plantações que tanto o assustaram em sua infância.
Outra cena familiar para os amedrontados olhos do menino foi a presença dos retirantes nordestinos nos arredores de sua cidade natal. Vindos das terras secas do Nordeste, os migrantes buscavam trabalho nas fazendas de café e de outras lavouras. Cansados, com suas trouxas penduradas e com crianças no colo, andavam pelas ruas da cidade, causando piedade no menino que cresceu acompanhando esse problema social.
“Os retirantes vêm vindo com trouxas e embrulhos.
Vêm das terras secas e escuras; pedregulhos
doloridos como fagulhas de carvão seco”
(Deus de Violência, Candido Portinari)
Em pequenas páginas de desenhos ou em painéis e murais de proporções gigantescas, ele produziu imagens de nossa terra e de nossa gente que podem ser vistas em museus e edifícios no Brasil e no exterior, contando a sua história e a do País. Alguns trabalhos estão permanentemente exibidos na casa onde ele morou durante a infância e a juventude: o Museu Casa de Portinari.
O artista, que passava horas fechado em seu ateliê em contato com os elementos tóxicos de suas tintas, foi vítima de intoxicação e não atendeu aos pedidos dos médicos para que se afastasse da pintura. Ele dizia: “Estou proibido de viver, aconselhado a não pintar”.
Portinari faleceu aos 58 anos, em 1962, e sua vida de pintor deixou a pergunta: “A morte será colorida? Qual a cor do outro lado?”
Além das suas próprias histórias, Portinari também ilustrou as de outros autores. Seus desenhos estão presentes em alguns livros como Memórias Póstumas de Brás Cubas e O Alienista, de Machado de Assis, Dom Quixote, de Cervantes, e Duas Viagens ao Brasil, de Hans Staden.
Entre seus trabalhos como ilustrador, destacam-se os 21 desenhos a lápis de cor realizados para o livro Dom Quixote, narrando as andanças do cavaleiro e de seu fiel escudeiro Sancho Pança.
Chama atenção, no entanto, a genialidade das imagen que produziu para o único livro infantil que ilustrou: Maria Rosa escrito por Vera Kelsey.
Os poemas, as pinturas e os desenhos de Portinari constroem sua trajetória artística, unindo à sua história a história de sua terra – o Brasil. Os temas apresentados nas diferentes linguagens possuem uma gama infinita de leituras e possibilitam reflexão sobre as relações entre texto e imagem, a observação da vida e a sua representação.
– O café de 1935
Portinari foi um artista contemporâneo e o café é uma das suas grandes obras testemunho do período áureo do produto muitos das suas telas registram essa temática em retrato de trabalhadores fragado em diferente movimento de produção no cafezal.
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