Uma estrela vai Brilhar
Texto: Maria Ferreira Dutra
Quando sai da casa da minha amiga Margareth, me deparei com uma situação que partiu meu coração.
Um homem sujo maltrapilho me parou na rua e me pediu um dinheiro. Eu disse que não tinha.
Ele me perguntou então, se eu podia comprar algumas coisas para ele no cartão.
Mexi na minha bolsa encontrei quinze reais entreguei. Ele e me agradeceu com um sorriso e guardou em seu bolso. Perguntei se era o suficiente. A resposta foi que era bem pouco, mas que até o final da noite ele pretendia conseguir no mínimo uns 200 reais.
Falei para que tivesse fé e assim ele conseguiria.
Voltei para a casa de Margarete pois notei que havia esquecido meu aparelho lá. Depois de pegar o aparelho eu me despedi da minha amiga e fui pegar um taxi na Rua Dias da Cruz. Me deparei com aquele mesmo homem em frente a um sebo. Ele conversava com o jovem vendedor e segurava um livro na mão, Perguntei se ele já tinha feito um lanche com o dinheiro que eu havia lhe dado e me partiu o coração quando ele me disse:
— Já estou acostumado a passar dias sem comer muito. As vezes consigo pegar comida em alguns lugares mas tenho que pegar filas enormes. Eu peço dinheiro aqui, ali e muitos me ignoram, a maioria das vezes verifico os lixos a procura de sobras de alimentos das lanchonetes ou mesmo latas para vender e assim ter uns trocados.
Engoli aquelas palavras com um nó na garganta.
Perguntei se ele gostava de ler pois segurava um livro. Para a minha surpresa ele disse que lia jornais todos os dias, muitas das vezes notícias velhas pois não tinha dinheiro para comprar.
Percebi que ele estava tentando convencer o vendedor a comprar dois livros por quinze reais, mas o vendedor dizia que não podia fazer isso pois não era o dono, apenas funcionário.
Achei um tanto perturbador um homem deixar de comer para comprar livros. Mas não entrei nesse mérito.
Eu não sabia o motivo pelo qual ele queria levar dois livros iguais se, ele como morador de rua, só precisaria de um. O que ele faria com dois?
Mas tudo bem, mandei ele guardar os quinze reais e passei os vinte reais no meu cartão.
O homem me agradeceu, tirou um saco plástico preto de baixo do braço e dentro dele havia dois pacotes de presentes. Ele colocou um livro em cada.
Questionei se ele daria aqueles livros de presentes para os filhos.
— Não tenho filhos, a vida que vivo não me permite. Nasci e fui criado nas ruas, meus pais morreram quando eu tinha sete anos e uma moça moradora de rua cuidou de mim até meus quatorze anos. Ela sempre falava sobre o Natal comigo, disse que trabalhou em uma casa como doméstica e passava os natais com a família para ajudar a patroa a montar a árvore de natal e a embrulhar os presentes. Todo ano eu venho tentando juntar dinheiro para essa data tão especial e infelizmente eu tento conversar com as pessoas sobre o meu sonho e ninguém me dá atenção.
Perguntei qual era o sonho dele.
— Meu sonho é reunir um grupo de crianças em minha volta e distribuir os presentes para elas. Eu escolhi dar livro de presente pois foi o primeiro presente que ganhei na minha vida e carrego comigo até hoje. A minha segunda mãe achou num banco, um livro, "O Pequeno Príncipe", embrulhou no jornal velho que tinha estampado a cara do Papai Noel e me deu. E assim como fui alegrado naquela noite de Natal eu gostaria de ser papai noel por um dia.
— Eu fiquei sem palavras tirei o meu cartão da carteira e pedi 200 livros infantis entre eles 30 eram "O Pequeno Príncipe". Fui numa loja de chineses ali mesmo na Dias da Cruz e comprei sacolinhas e fitas de presente e é claro subistitui o gorro preto, sujo, pelo gorro vermelho. Comprei um sino, uma lousa branca com umas canetas e escrevi.
"Ajudem um Papai Noel a ser feliz. Retirem seu presente aqui e me deem um abraço.
Desejo de um Papai Noel!"
Escrito por Maria Ferreira Dutra.
Sempre que puderem, ajudem um morador de rua com qualquer quantia. Eles também sentem fome frio e falta de carinho e amor.
Rio de Janeiro 1O de dezembro de 2021
Assistam a Vídeo história chamada "Uma Estrela vai Brilhar" com texto de Maria Ferreira Dutra @_maria_dutra_ , Narração de Sérgio Pires @sergiopires83 e Edição de vídeo e com artes inéditas adicionais de @adrianosiqueiraescritor
aasista neste link:
https://www.instagram.com/tv/CXo_wj0gwCh/?utm_medium=copy_link
Uma história emocionante que mostra com eficiência o Espírito de Natal
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