terça-feira, 14 de janeiro de 2020

O verdadeiro amor da escuridão




O verdadeiro amor da escuridão

Arte: Maria Ferreira Dutra



Por Maria Ferreira Dutra 

Da floresta eu a observava. A janela do seu quarto, ficava de frente para ela.
Érica falava ao telefone e escrevia sempre tarde da noite no laptop. Eu sabia que ela não podia me ver por isso eu a observava.
Eu a vigiava todos os dias, mas ela não me percebia, estava sempre muito ocupada, sempre na correria. Eu lhe dava bom dia quando ela saia, ela me respondia sem me olhar, mas só de escutar aquela linda voz eu me arrepiava, me sentia muito bem.
Eu sabia a hora que ela saia e chegava. Todos os dias eu deixava uma rosa em seu portão, mas ela nem a tocava.
Era triste essa situação.
As rosas sumiam provavelmente alguém as recolhiam.
Fiz isso por um longo tempo, mas a minha querida amada quebrou meu coração, sem resposta desisti.
Duas semanas se passaram e eu não mais colocava flores em seu portão, mas nessa noite, a saudade foi tão grande que pensei em mais uma vez rondar a casa dela, para vê-lá da janela. E para minha surpresa ela estava lá novamente em seu telefone e no laptop.
Nesse dia ela se aproximou um pouco mais da janela, abriu os vidros, colocou a cabeça para fora e puxou o ar, parecia cheirar alguma coisa.
Em seguida a janela se fechou e as luzes se apagaram. Não consegui ver mais nada e assim fui embora.
Fui agarrado por algo e me assustei,  nós lobos somos geralmente ameaçados, tentei correr mais uma doce voz gritou " Espere!"  E quando virei, era ela. Aquela moça linda que eu via da janela.
Olhei para ela e sorri perguntando o que ela fazia ali. E ela me respondeu que me ligava todos os dias e me escrevia e eu nunca respondia.  Fiquei sem palavras como ela me ligava? Não tinha meu telefone e eu nem me importava em ver as mensagens. Jamais eu iria perceber que era ela.
Ela me convidou a entrar e lá eu vi todas as flores que um dia eu colhi, estavam protegidas numa espécie de estufa, todas vivas.
Eu perguntei como poderiam estar vivas. Ela então me respondeu "O amor nos trás vida e mesmo que eu não possa  tocá-las, eu as guardei como um presente seu. Eu te via todas as noites me observando, por isso sabia que você era o dono de todos esses presentes."
Ela se vira de costas para ele e fala "A hora é agora!". O relógio vai bater em instante e quando bateu meia noite ela se virou para ele e sorridente lhe estendeu as mãos e disse "Eu também tenho o meu segredo, agora revelado para você.".

 O lobo a beija. A noite começa a ter uma cor diferente. Era agora de cor escarlate e um manto desceu e a forma de um lobo e de um morcego os abraçam em um só. O lobo envolvido em asas de morcego se envolvem em uma luz azul cintilante e voa para a lua.
Os dois se tranformaram em pessoas normais e nunca mais a maldição os atingirá, nem doenças nem alergias, apenas muita saúde e paz, e assim viverão pela eternidade pois o verdadeiro amor que eles sentiam um pelo outro deve servir de exemplo para a humanidade.

Por Maria Ferreira Dutra
Ilustração Adriano Siqueira





2 comentários:

Karmem disse...

Acheiiiiiii! Demorei mais achei! Que história envolvente, cheia de amor e carinho! Vampiro e Lobo! Mas como assim ela não podia tocar nas rosas? A qual é sua maldição. Não me zangue.
Parabéns Maria e Adriano vocês sempre com ótimas histórias e ilustrações.

Katia O. S. Andrade disse...

Que lindo �� o amor entre seres diferentes e tão parecidos ao mesmo tempo. Amei seu romantismo Maria. ��