sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Amor eterno - Maria Ferreira Dutra


AMOR ETERNO
Por Maria Ferreira Dutra
Arte Adriano Siqueira


Deitada em minha cama sinto o cheiro de terra molhada, chovia e eu trancada em casa resolvi olhar pela janela, um frio gostoso me bateu no rosto, o barulho dos carros passando na poça d'água se fizeram músicas em meus ouvidos....  eu olhava encantada aquela chuva, o vento  assobiava bem lentamente. Meus olhos olhavam por todas direções e foi quando fitei nela e  vi que ela estava em apuros;  Cheia de bolsas nas mãos e sem ter como segurar as coisas direito  o vento leva a sua única proteção: seu guarda-chuva na cor lilás. Desci as pressas para ajudá-la e não a encontrei.

Teria ela pego um taxi enquanto eu descia as escadas?! 

Não sei o motivo que me levou a querer ajudar aquela moça que eu nem conhecia. Tive que voltar sem poder ajudá-la. Foi quando ouvi uma voz feminina chamando "moça, as minhas bolsa rasgaram por conta da chuva e por isso parei aqui na marquise  do seu prédio, você por acaso teria uma bolsa para me arrumar?

Eu reconheci aquele rosto que o guarda chuva lilás escondia, fui me aproximando e cheguei bem perto.  Ela, assustada me perguntou se eu havia entendido o que ela havia falado.  Eu disse que sim, mas que estava apreciando a sua  beleza pois ela me lembrava alguém que eu havia conhecido anos atrás. Era mesmo quem eu estava pensando. Pedi que ela aguardasse no lobby do meu bloco, subi e  desci com umas bolsas e um pacote, o qual eu a entreguei.  Ela  franze  a testa como quem não entende nada e abre  o pacote, vendo que era um álbum  de fotografia folhea-o e logo na primeira página, da um grito de quem não estava acreditando e me pergunta se sou eu naquela foto. Sorrindo, eu digo que sim  e  ela comenta:

- Flávia! A quanto tempo não nos vemos? Você ficou fora por muitos anos!" Como eu senti a sua falta!  Nossa como mudamos! Nessa foto tínhamos uns doze anos e nessa  idade eu já sabia que você gostava de.... "  O Telefone da Tereza toca, era o Heitor. Tereza fica sem graça mas comenta que era seu esposo ligando. Flávia, coloca a mão na cabeça e diz, que entende a escolha dela, que naquela época elas eram quase crianças. Flávia a pergunta se eles têm filhos. Tereza mostra uma foto de família em seu celular. Flávia reconhece Heitor,  seu também amigo de classe. Tereza dá um beijo na testa da Flávia e se despedem trocando telefones. Flávia nunca havia se casado pois havia jurado amor eterno a Tereza. Três meses se passaram e elas não trocaram uma palavra.  Em um sábado a noite, Flávia deixava o  seu plantão quando chegou uma família que acabará de se acidentar. Ao olhar para a maca reconhece Tereza, desesperada ela volta para assistir a família. Heitor havia falecido no local e Henrique de 3 anos havia quebrado o baço e tinha um corte profundo na cabeça, Tereza perdeu as duas pernas pois ficaram imprensadas nas ferragens do carro. 

Na manhã do dia seguinte Tereza acorda e sem entender direito o que aconteceu e informada sobre o  falecimento do seu esposo. Em prantos é acalmada pela mulher que estava deitada numa outra cama ao  lado . Era a Tereza que também teria  acabado de passar por uma cirurgia de retirada do rim. A médica chefe Ivone e a Psicóloga Márcia a avisa que a Tereza  havia sido a sua doadora de rim.

Sem poder se levantar da cama Tereza apenas faz um coração com as mãos para ela e a agradece chorando demais. Tereza pergunta pelo seu filho, e ao saber que ele estava bem abraça uma das enfermeiras que estava assistindo.  Flávia vira para Tereza e diz "Eu vou cuidar de você e do nosso filho, seremos uma família  feliz"


Por: Maria Ferreira Dutra

2 comentários:

Karmem disse...

Que conto sensacional! Muito amor, carinho e superação! Um final feliz merecedor! Parabéns

Maria Ferreira Dutra disse...

Obrigada Karmem. Um abraço carinhoso